Nicola Sturgeon anunciou esta segunda-feira que pretende avançar com um novo referendo pela independência escocesa e que o vai propor para a semana aos deputados do Parlamento regional. A primeira-ministra escocesa afirma que o voto britânico para a saída da União Europeia constitui razão suficiente para procurar uma nova consulta, que pode acontecer depois do outono do próximo ano.
“Na próxima semana pedirei a autorização do Parlamento escocês para celebrar um novo referendo pela independência”, disse Sturgeon aos jornalistas, em Edimburgo, no mesmo dia em que o governo britânico se prepara para ver o documento do Brexit aprovoado em Westminster, abrindo caminho para que o processo de divórcio europeu comece oficialmente já esta terça-feira.
Sturgeon argumenta que o governo britânico tem deixado o governo regional escocês de fora dos planos para a saída da comunidade europeia, que, para além disso, está em vias de acontecer pela chamada “via dura”, que implicará provalvemente a saída do mercado comum europeu – a Escócia, recorde-se, optou avassaladoramente continuar na União Europeia, 62% contra 38%.
Nas negociações com Londres, diz Sturgeon, o governo escocês deparou-se com “um muro de tijolo e intransigência”, meias-verdades e isolamento. Em todo o caso, a primeira-ministra – o cargo oficial é first minister – deixa a porta aberta para negociações que evitem um novo referendo. “Mas as propostas têm de existir”, lançou Sturgeon, numa mensagem para o executivo de Theresa May.
A líder escocesa não diz se aposta o seu cargo num novo referendo, do qual, assegura, sairá vencedora. O seu Partido Nacional Escocês, que perdeu o referendo de 2014 por 44,7% contra 55,3%, comprometeu-se no programa eleitoral a convocar uma nova consulta no caso de existir uma forte reivindicação popular ou – como argumenta agora – uma “alteração material nas circunstâncias”. O Brexit, diz, é essa alteração.
As sondagens indicam que o “não” à independência venceria novamente caso o referendo acontecesse hoje. A margem é mínima – há 49% que apoiam o “sim” –, mas os números favoráveis à independência têm caído desde o “Brexit”. Em todo o caso, um terço dos eleitores admite mudar de opinião.