O Papa Francisco disse ainda que “O trabalho dá-nos dignidade. Os responsáveis, os dirigentes, têm a obrigação de garantir que cada homem e mulher tenham trabalho e possam olhar olhos nos olhos os restantes com dignidade.” O Papa recebeu uma salva de palmas dos crentes que ouviram o seu discurso.
Quando Francisco foi eleito, o Financial Times noticiava que “Igreja Católica escolhe primeiro Papa nascido fora da Europa nos últimos 1.000 anos.” Mas não é só ter nascido fora da Europa – por vezes, o Papa Francisco parece vir de outro mundo. Está, muito abertamente, a colocar a Igreja Católica em linha com o seu tempo, e por isso é popular entre os crentes. Já disse que não é ele quem irá julgar os gays, e que os reunidos em segundas núpcias, embora estas continuem a não ser reconhecidas pela Igreja Católica, podem comungar.
Vem agora, e mais uma vez, falar do trabalho como essencial para a dignidade humana. Só que hoje foi um pouco mais longe, pois criticou abertamente os despedimentos resultantes de “manobras económicas”. O contrário do que se aprende nas escolas de gestão.
Não sei como é que os gestores católicos vão conciliar as palavras do Papa Francisco com a urgência de maximizar os lucros. Mas sei, por experiência própria, que há quem despeça com gosto. Há canalhas para tudo, sejam católicos ou não.