A Airbus e o gabinete de estilo Italdesign causaram furor no salão de Genève com o Pop.Up, uma janela aberta para o futuro no que diz respeito ao transporte de pessoas por terra… e ar.
Ideia inovadora? Nem tanto. Se recuarmos a 1904, Julio Verne tinha imaginado um carro sem fumo e capaz de voar, o Epouvante, no romance o “Senhor do Mundo”. O Pop.Up é a concretização do génio de Verne passados 113 anos.
A indústria automóvel e aeronáutica uniram-se para dar novo rumo à mobilidade nas grandes cidades. Os testes com este inovador veículo modular começam no final deste ano, e se um dia um Pop.Up lhe passar por cima da cabeça, não se assuste, é que eles vão andar por aí.
O sistema é composto por três elementos: a cabine para dois passageiros; a plataforma de inteligência artificial, responsável por seleccionar as rotas de acordo com as preferências do utilizador, e o módulo de interface para comunicação entre o utilizador e o veículo.
A cabine é o “coração” do sistema. Tem 2,6 m de comprimento, 1,5 m de largura, e é construída em fibra de carbono. Quando acoplada ao módulo terrestre transforma-se num pequeno citadino autónomo. O módulo terrestre consiste num chassis em carbono que recebe um motor eléctrico de 60 kW, com autonomia para 130 quilómetros, capaz de atingir 100 km/h.
A cabine converte-se num veículo aéreo autónomo quando associada ao módulo aéreo, que mede 4,4 metros de comprimento, e tem oito rotores alimentados por motores eléctricos, num total de 136 kW. Este drone gigante descola e aterra na vertical, qual helicóptero, tem autonomia para 100 quilómetros e atinge 100 km/h. Em qualquer dos módulos, o tempo de recarga das baterias é de 15 minutos.
Ficção. Este veículo podia ter sido tirado de qualquer filme de ficção científica, mas o “modus operandi” é extremamente simples. Através de uma APP, os passageiros podem reservar um Pop.Up e escolher o destino. O Pop.Up vai buscar o utilizador a casa ou a uma estação de recarga do veículo. Uma vez seleccionado o destino, a inteligência artificial sugere a melhor opção tendo em conta os hábitos e as preferências do utilizador. O sistema tem ainda a possibilidade de escolher o trajecto ideal entre a estrada e o espaço aéreo, e assim passar por cima das filas de trânsito. O utilizador pode mudar de módulo durante a viagem, mas a cabine é sempre a mesma.
Quando os passageiros chegam ao destino, os módulos aéreo e terrestre e a cabine regressam de forma autónoma às estações de recarga específicas, e ficam disponíveis para outros clientes.
Que ideia! Esta combinação poderá ser interessante para pessoas que vivem na periferia. Podem usar o transporte próprio até à entrada da cidade, e depois requisitar o Pop.Up para se deslocarem para o local de trabalho no centro.
A ideia é genial, mas para que o transporte terrestre evolua para um patamar superior há ainda um longo caminho a percorrer em termos técnicos e legais. O peso e a capacidade das baterias (o eterno problema da solução eléctrica) não permitem que o módulo voador tenha as performances que os responsáveis pelo projecto desejam. Depois, é necessário estabelecer acordos com entidades governamentais e regionais para que o Pop.Up possa voar livremente.
Mas a Airbus e a Italdesign não estão sozinhas no campo da mobilidade modular e autónoma. A Uber está a desenvolver o projecto de um táxi-drone, com descolagem e aterragem na vertical, para efectuar trajectos urbanos. É a concretização de um sonho com um século.
As rodas permanecem em terra
Visão do interior
É um carro ou é um avião?
Assim se levanta voo