Na balança alimentar dos portugueses, há dois pesos e duas medidas. Se, por um lado, comem carne e laticínios em excesso, por outro, há falta de fruta, vegetais e cereais. Esta é a conclusão do Inquérito Alimentar Nacional que dá conta de um país cada vez mais longe da dieta mediterrânica que lhe era inerente.
Para o estudo, que já não se fazia há 35 anos, apresentado hoje, participaram 6533 portugueses entre os três meses e os 84 anos, sobre os quais se recolheram dados sobre hábitos alimentares e prática de exercício físico.
Os portugueses comem três vezes mais carnwe, peixe e ovos do que deviam e 21% dos alimentos que ingerem não estão sequer incluídos na Roda dos Alimentos: refrigerantes, sumos, cafés, chás, vinho e cerveja. Quando se fala em bebidas alcoólicas, os dados mais alarmantes referem-se aos idosos, com 5% a beber todos os dias mais de um litro de vinho.
O consumo de açúcar também está longe do ideal, principalmente no caso dos adolescentes, que vão buscar esse extra a bolos, biscoitos, bolachas, cerrais de pequeno-almoço e refrigerantes. Aliás, o consumo deste tipo de sumos já se assumiu como hábito diário: perto de um milhão ingere pelo menos um refrigerante ou néctar por dia. A par do açúcar, está o sal, também ele consumido em excesso, principalmente por homens. Segundo o estudo, 89,9% dos homens portugueses consomem sal acima do nível máximo recomendado, de 5 a 6 gramas por dia. Nas mulheres, a percentagem de consumo excessivo é de 65,5%.
Uma das poucas boas notícias deste estudo chega com a certeza de que o azeite continua a ser a gordura mas consumida em Portugal e nas doses recomendadas.