Depois de Wolfgang Schäuble dizer a Portugal “certifiquem-se que não precisam de um [novo] resgate”, Francisco Rodrigues dos Santos reagiu, escrevendo na sua página: “Schäuble(ncio) que se vai cantar o triste fado da União. De cada vez que abre a boca, cai uma estrela da bandeira”.
O presidente da Juventude Popular tem manifestado uma atitude “europrudente” no que toca às relações entre Portugal e Bruxelas, não esquecendo a matriz europeísta do CDS-PP.
Rodrigues dos Santos lidera a juventude partidária do Centro Democrático Social há mais de um ano e tem marcado a agenda mediática com posições muitas vezes focadas nas raízes conservadoras e democratas-cristãs do partido.
Nesse sentido, Rodrigues tem procurado manter uma boa relação com todos os antigos líderes do partido, desde Portas até Ribeiro e Castro, passando também por Manuel Monteiro, que aceitou recentemente o seu convite para o aniversário da ‘jota’ democrata-cristã.
O discurso é diversas vezes assente nos valores do patriotismo – também visível, por exemplo, na sua visita aos Comandos, em que teceu um largo elogio à unidade – e não é por isso estranho que os comentários do ministro alemão, Wolfgang Schäuble, tenham merecido as críticas do português de 28 anos. Em entrevista a este jornal, aliás, Rodrigues não teve problemas em considerar a governação imposta no período de intervenção externa como “austeritária”, não esquecendo, naturalmente, as críticas ao Partido Socialista e ao pedido de resgate.
Depois de Schäuble vir defender a “pressão” dos programas de assistência financeira que havia, do seu ponto de vista, “funcionado bem” e com “bons resultados”, o ministro germânico acrescentou ainda: “Certifiquem-se de que não precisam de resgate”.
Contactado pelo i, Francisco Rodrigues dos Santos reagiu: "De cada vez que vem, à desgarrada, decretar em público os seus vaticínios, cai uma estrela da bandeira” da União Europeia".
“À parte natureza das opiniões que emite, as quais têm sede própria para serem expressadas no quadro europeu, nomeadamente nas reuniões do Eurogrupo, o Ministro das Finanças Alemão não pode reivindicar para si o estatuto de todo-poderoso que nenhum português lhe conferiu”, sublinha o dirigente político e advogado de profissão.
“O sistema financeiro parece concentrar duas atribuições na mesma pessoa em Berlim: o de especulador oficial das economias, como se as teorias da origem das crises não nos tivesse já demonstrado os efeitos negativos do malogrado ofício; o de político transcendental, que extravasa os limites dos seus poderes, supera as instituições e governa uma federação de Estados, que (não querem!) e desconhecem pertencer-lhe”, adiantou, numa crítica às teses federalistas que, para o presidente da JP, não respeitam as “relações entre ‘iguais’” e alimentam “os movimentos de ruptura que servem a desagregação como uma boa solução”.