Kikas versus Kelly Slater? Sim, o confronto vai mesmo acontecer. A ronda 3 do Quiksilver Pro Gold Coast ditou que o português vai medir forças com o surfista norte-americano, 11(!!) vezes campeão do mundo, e sétimo do ranking na temporada de 2016.
Peso-pesado do surf mundial no caminho do jovem cascalense que não tem em mãos, ou pés, missão impossível. Basta andar uns anos, poucos, para trás.
Decorria a penúltima etapa do circuito mundial de 2013, na praia dos Supertubos, em Peniche, local que acolhe esta fase particular da prova há nove anos consecutivos quando Morais foi o representante luso em competição, na altura, como wildcard. Entrou na água no heat 2 da 2ª ronda contra Kelly Slater e… venceu.
Tinha 21 anos quando eliminou o astro da modalidade com 12,34 pontos, contra apenas 10,13. Antes de seguir para a Austrália relembrou ao SOL esse momento: «foi um dia inacreditável. Sabia que ou ganhava ao melhor do mundo ou perdia para o melhor do mundo. Não havia grande risco, só tinha de estar preocupado comigo mesmo e não com ele, não podia depender disso, podia sim focar-me no que poderia dar e foi o que fiz. O meu treinador é um surfista que já esteve no Tour e inclusivamente surfou contra o Kelly Slater e ajudou-me a perceber as fragilidades e a tirar a pressão de cima de mim. Não é bem pressão mas se calhar expectativas de me dar bem». Aos 25 anos volta a encontrar Slater, agora enquanto membro do circuito mundial.
(Só) terá que repetir a proeza.
A estreia «Sabia que ia ser muito difícil contra o Filipe e o Adrian, mas tentei concentrar-me no meu surf, tentei divertir-me. Na última onda arrisquei, tinha de ser ali porque era a última oportunidade. Acredito que vai ser um grande ano, trabalhei toda a minha vida para isto», afirmou Kikas já na areia e com uma estreia de sonho no circuito mundial. No heat 10, juntamente com o surfista australiano Adrian Buchan (que atingiu os quartos de final na última temporada) e o brasileiro Filipe Toledo (semi-finalista vencido de 2016), registou a melhor pontuação da ronda, com 8.73, à qual somaria um 6.97 da segunda. Contas feitas, 15.70 para o único português em competição entre os melhores surfistas do planeta. Resultado: o surfista de Cascais não só alcançou o primeiro lugar do heat como o apuramento direto para a terceira ronda do Quiksilver e Roxy Pro Gold Coast e, ainda, foi o único surfista entre os rookies – atletas que competem pela primeira vez a nível profissional – a passar a bateria no topo!
A primeira etapa do World Tour, das onze que constituem o circuito mundial, irá decorrer até dia 25 de março na Gold Coast.