A revelação da proposta de orçamento para 2018, da nova administração norte-americana, na quinta-feira, veio confirmar algumas das diretrizes que já vinham sendo tornadas públicas nas últimas semanas. Donald Trump pretende levar avante o aumento, em 9%, dos gastos em Defesa – acrescentando 54 mil milhões de dólares ao orçamento do exército mais dispendioso do mundo – e cortes em praticamente todas as agências.
Trump já tinha dito que o exército estava desgastado pelos cortes orçamentais de Barack Obama e que necessitava de dinheiro para combater terroristas no estrangeiro, impedir que eles entrem no país e para deportar criminosos e imigrantes ilegais.
A redução orçamental do Departamento de Estado e da Agência para o Desenvolvimento Internacional, caso a proposta seja aprovada pelo Congresso dos EUA, é uma das mais significativas, situando-se perto dos 31% de cortes, num orçamento que inclui tradicionalmente os gastos com pessoal diplomático, com a promoção de direitos humanos no exterior, e com ajudas humanitárias, em matéria de saúde e luta contra a pobreza. Nestas contas também se incluem as contribuições para as Nações Unidas. No total, calcula-se que os americanos vão reduzir as suas ajudas à organização mundial em 29%.
Rex Tillerson, chefe da diplomacia norte-americana, já tinha defendido publicamente que o orçamento “tradicionalmente elevado” do Departamento de Estado “não era sustentável” e acredita que a redução do mesmo vai de encontro à ideia, partilhada pela administração Trump, de que o futuro trará menos conflitos que necessitem de intervenção militar norte-americana.
Também os setores da proteção Ambiental, Agricultura e Habitação vão sofrer cortes profundos. A Agência de Proteção Ambiental vai perder mais de 3 mil funcionários e vê o seu orçamento reduzido em quase um terço e o Departamento de Agricultura perde 21% do dinheiro disponível. Quanto à Habitação, são menos 13% de fundos. “Na última década gastámos imenso dinheiro em Habitação e Desenvolvimento Urbano, sem conseguirmos apresentar grandes resultados”, explicou ontem Mick Mulvaney, diretor do gabinete de gestão da Casa Branca, citado pelo “Washington Post”.
A proposta orçamental inclui ainda uma verba de mais de 4 mil milhões de dólares para a construção do muro de separação com o México.