O Deutsche Bank, o maior banco alemão, vai levar a cabo um aumento de capital no valor de oito mil milhões. A operação arranca amanhã com a emissão de 687,5 milhões de novas ações com o valor unitário de 11,65 euros. Esta estratégia tem como objetivo melhorar a situação financeira da instituição, depois de dois anos consecutivos de prejuízos, e sustentar o crescimento que lhe permita regressar a lucros já este ano.
Por cada duas ações que detenham, os atuais acionistas passam a ter a opção de comprar um dos novos títulos associados a este aumento de capital. Os novos títulos darão direito a dividendo, tal como os anteriores.
A operação vai prolongar-se por duas semanas, com os direitos de subscrição a negociarem até 4 de abril. Feitas as contas, trata-se do quarto reforço de capital nos últimos sete anos da instituição financeira.
A operação será levada a cabo por um sindicato de 30 bancos, incluindo o Crédit Suisse, o Barclays, o Goldman Sachs, o BNP Paribas ou o Morgan Stanley, que venderão as ações na Alemanha, Reino Unido e EUA.
A par da emissão dos novos títulos, a instituição financeira prepara-se para alienar uma posição minoritária no seu negócio de gestão de ativos – que gere 774 mil milhões de euros – através de uma oferta pública inicial (IPO na sigla em inglês) ao longo dos próximos dois anos, o que permitirá encaixar pelo menos mais dois mil milhões de euros.
No entanto, o Postbank (banco postal), um ativo que chegou a ser ponderado para alienar, irá ficar na esfera do Deutsche Bank, estando prevista a sua fusão com a unidade de clientes comerciais e banca privada do banco alemão.
A instituição financeira pondera ainda vender operações de retalho em mercados europeus, como Espanha, e na Índia.
Necessidades de capital As dificuldades do maior banco alemão acentuaram-se em setembro passado, quando as autoridades norte-americanas pediram o pagamento de 14 mil milhões de dólares para pôr fim a um processo judicial relacionado com títulos hipotecários, um valor que acabou por ser reduzido em dezembro.
A verdade é que esta medida por parte dos Estados Unidos colocou o banco em alerta de tsunami, com muitos investidores a recearem que não tivesse capacidade para enfrentar esses custos legais. Também o CEO do Deutsche Bank, John Cruyan, ficou desde cedo sob pressão para restaurar a confiança do mercado na instituição. Uma das primeiras garantias que o CEO quis dar foi a de que não pretendia realizar nenhum aumento de capital.
Mas, já em agosto passado, o Goldman Sachs tinha detetado necessidades de capital na ordem dos dois mil milhões de euros no banco. Em outubro, a instituição levantou cerca de quatro mil milhões de euros em vendas privadas de dívida.