David Rockefeller. Banqueiro dos banqueiros morreu aos 101 anos

O milionário norte-americano morreu em casa, vítima de problemas cardíacos. Já tinha sido submetido a sete transplantes de coração

David Rockefeller morreu ontem, aos 101 anos. Segundo o porta-voz da família, o banqueiro e filantropo morreu em casa, em Pocantico Hills, Nova Iorque, durante o sono, vítima “de uma falha cardíaca”.

David Rockerfeller, que nasceu em Nova Iorque a 12 de junho de 1915, foi submetido a sete transplantes de coração ao longo da vida. O último aconteceu em setembro do ano passado.

Tinha o título de multimilionário mais velho do mundo e era filho de John D. Rockefeller Jr. e neto de John D. Rockefeller, fundador Standard Oil, a maior petrolífera dos EUA no início do século XX.

David Rockefeller era o sexto filho, mas, com a morte dos irmãos, acabou por ficar à frente da vasta rede de interesses da dinastia Rockefeller – com uma fortuna avaliada em cerca de 3,3 mil milhões de dólares –, tanto empresariais como filantropos, que se estendiam a vários setores.

De acordo com o “The New York Times”, Rockefeller – que esteve durante mais de uma década ao leme do banco Chase Manhattan –, ficou conhecido pela influência que alcançou e que se estendeu muito para lá da banca. “A sua influência chegou a Washington e capitais estrangeiras, aos corredores de Wall Street, museus de arte, grandes universidades e escolas públicas”, escreveu o jornal norte-americano.

Os mais próximos sempre destacaram o facto de se tratar de uma pessoa que sempre tentou ser discreta e que preferiu exercer influência longe dos holofotes, tendo recusado mais do que uma vez um cargo político no governo norte-americano.

O mundo das artes Filantropo, David Rockefeller recolheu na sua coleção particular mais de 15 mil obras de arte e incentivou grandes empresários a decorar os escritórios com pinturas. Mas não só. O último neto sobrevivente do legado de John D. Rockefeller chegou a financiar museus locais e fez questão de manter sempre o apoio ao famoso Museum of Modern Art (MOMA), fundado pela mãe do banqueiro, em 1929, em Nova Iorque.

Muitos recordam ainda que aproveitou a influência que tinha para construir apartamentos de forma a ajudar famílias mais carenciadas.

Família Espírito Santo David Rockefeller chegou a estar regularmente em casa da família Espírito Santo e foi graças a ele que a família conseguiu contar algumas das suas histórias de sucesso. Quando, em 1975, as instituições de crédito com sede em Portugal foram nacionalizadas, Manuel Ricardo Espírito Santo acabou por ser preso, assim como outros membros, gestores e alguns empresários. A família não encontrou outra solução senão pedir ajuda aos amigos que tinha no estrangeiro. E foi com ajuda de amigos como David Rockefeller ou Richard Nixon que a saída da prisão foi possível. Na altura, em troca de uma caução de 500 escudos. A família acabou por se espalhar por vários pontos do globo, embora sempre de olho no regresso a Portugal e, para isso, era importante a internacionalização, missão onde o banqueiro norte-americano teve um papel imprescindível.

De acordo com a história contada por António Ricciardi, que também esteve na prisão de Caxias, a ajuda dos amigos que tinham a nível internacional foi fundamental. Nomeadamente, o apoio dado por David Rockefeller, responsável por ajudar a família a conseguir-se reeguer-se, voltar a Portugal em 1989 e privatizar o banco.