“Para mim, a corrida dos sonhos continua. O conto de fadas de um retorno que começou na Austrália”. Aos 35 anos, e depois de sete meses afastado dos courts por lesão, Roger Federer regressa como sempre nos habituou: com garra, energia e força mental.
Precisamente três semanas depois de ter conquistado o Open da Austrália, numa altura em que arrancou a temporada como 17.º do ranking mundial, diante do espanhol Rafael Nadal, estreou-se no primeiro ATP Masters 1000 de 2017, disputado em Indian Wells, do mesmo modo: a vencer.
Com uma final 100% suíça em solo californiano – que colocou em diferentes lados da rede os amigos e compatriotas Stan Wawrinka e Roger Federer – este último suíço, recordista de triunfos, com 18 Grand Slam ao longo da carreira impôs-se a ‘Stan The Man’ em dois sets (6-4/7-5).
Mas atenção, este triunfo, o 90º da carreira, está longe de ser apenas ‘mais um’ no percurso glorioso de Federer. A mais recente conquista daquele que é, por muitos, considerado o melhor tenista da história não só coloca o veterano da modalidade no mesmo patamar que o sérvio Novak Djokovic (já lá iremos!) como consagra ‘King Roger’ o jogador mais velho campeão da história em torneios Masters 1000.
Vencedor de Indian Wells pela primeira vez em 2004, Federer repetiria o feito durante três anos consecutivos (2004. 2005 e 2006). Seguiu-se um longo jejum no desero californiano, no qual só voltaria a levar o título para casa seis anos mais tarde (2012). Na passada madrugada, e dando força ao velho ditado, por vezes desacreditado e descredibilizado, ‘a idade é apenas um número’, Federer voltou a subir ao lugar mais alto do pódio, pela quinta vez.
E é aqui, neste momento, que Novak Djokovic é chamado ‘a campo’: até ao dia de ontem apenas o tenista sérvio, eliminado nos oitavos pelo bad boy australiano Nick Kyrgios (6-4, 7-6 (7/3)), tinha vencido por cinco vezes em Indian Wells (três dos troféus nos últimos… três anos).
Mas rei que é rei, e com estofo de campeão como o que Federer tem, quando reaparece é sempre para (continuar a) fazer história. “Não estou tão surpreendido como fiquei na Austrália, mas ainda é uma grande, grande surpresa para mim. É um começo de ano absolutamente estrondoso. O ano passado não ganhei nenhum título. A mudança é dramática”, reforçou o suíço no final do encontro, num momento em que aproveitou para relembrar a grandeza desta conquista tendo em conta os oponentes que encontrou.
Recorde-se que Federer arrasou Nadal, nos oitavos de final da competição, pelos parciais de 6-2 e 6-3. Este foi o segundo encontro ‘Fedal’, como ficaram conhecidos os confrontos entre os dois, da época, depois do embate já referido na grande final da Austrália.
Escalada repentina fora dos planos Em 79 dias, desde que o ano começou, Federer já conseguiu ainda outro feito de assinalar: escalar 11 posições na hierarquia mundial! A subida vertiginosa começou, naturalmente, com a aparição triunfal em Melbourne (que lhe valeu a integração no décimo posto, ou seja, uma subida de sete lugares, em apenas 29 dias) e, desta feita, mais quatro ‘degraus’. O ranking mundial, atualizado esta segunda-feira, colocou Roger Federer à porta do top-5 (6.º classificado), uma posição que deixou o próprio tenista surpreendido. É hora de traçar novos objetivos, confessou aquele que é, indiscutivelmente, o melhor jogador da época, com praticamente o dobro dos pontos do segundo classificado, o espanhol Rafael Nadal. “Ganhar o Open da Asutralia e Indian Wells não estava nos meus planos nem nos meus melhores sonhos, sinceramente. Neste momento tenho de reavaliar os meus objetivos, porque o plano era tentar regressar ao top 8 até Wimbledon [Grand Slam disputado em julho]”.