Nunca se falou tanto de leites alternativos, mas uma start-up da Califórnia promete abrir mais um nicho de mercado. O “leite sintético” que está a ser desenvolvido pela Perfect Day não é à base nem de arroz, nem de amêndoas nem de avelãs: a empresa garante que a água está por detrás de 98% da sua composição. O resto é um cruzamento entre bioengenheria genética e técnicas ancestrais de fermentação.
A empresa, criada em 2014, não se quer ficar pelo leite e promete trabalhar em toda uma gama de laticínios sem lactose.
O nome da empresa é uma alusão a um estudo da Universidade de Leicester que revelou, em 2001, que as vacas que estão num ambiente musical com baladas como a “Perfect Day” de Lou Reed produzem mais leite.
Neste caso, a empresa garante paz absoluta aos animais mas também não está no ramo do leite de cereais.
A técnica assemelha-se à produção de cerveja artesanal. Mas começa com uma refinação tecnológica: os investigadores desenvolveram uma levedura láctea sintética, adicionando genes de vaca a levedura normal. A esta base adicionam açúcar e depois é preciso esperar pelo resultado do processo de fermentação, através do qual são geradas proteínas semelhantes às que estão presentes nas secreções das glândulas mamárias dos mamíferos. Tal como as demais alternativas ao leite de vaca, os autores garantem que o produto é vegan, sem lactose, mais seguro e mais “humano” do que o leite original.
Está prometida a chegada ao mercado no final deste ano, numa altura em que o leite sintético é considerado uma das tendências alimentares do futuro.
Estima-se que, até 2050, a população mundial cresça de 7,5 mil milhões de habitantes para os 10 mil milhões. Encontrar alternativas à pecuária intensiva é um dos desafios da segurança alimentar. Outro alerta reiterado por cientistas mas também pelas Nações Unidas é que mais países terão de considerar normal incluir insetos na alimentação.