As contas do transporte aéreo mostravam que a TAP tinha conseguido interromper, no ano passado, dois anos de prejuízos: 2014, com 46 milhões de euros e, 2015, com 99 milhões. No fundo, as contas apresentadas, no início deste mês, mostravam que a companhia aérea tinha conseguido regressar aos lucros com 34 milhões de euros no ano passado. Ou seja, o transporte aéreo teve lucros. No entanto, a TAP já revelou que “holding” continua no vermelho por causa da manutenção.
A verdade é que, de acordo com o Relatório e Contas, a TAP SGPS, que detém todas as atividades do grupo, obteve um prejuízo de 27,7 milhões de euros em 2016, o que compara com perdas de 156 milhões de 2015.
“O resultado apresentado pelo grupo, embora ainda negativo, apresentou uma significativa melhoria, estando contudo largamente influenciado por uma conjuntura marcadamente desfavorável em alguns dos principais mercados da empresa no longo curso, tradicionalmente mais rentáveis”, explica a transportadora no relatório, que se refere acima de tudo ao caso do Brasil, Venezuela e Angola.
Ainda assim, os dados mostram que houve uma melhoria se comprados com os prejuízos registados em anos anteriores: Em 2015, foram registados prejuízos de 156 milhões de euros.
O documento mostra ainda que, no final do ano passado, o grupo tinha capitais próprios negativos de 469,6 milhões de euros. Já o ativo aumentou 20,6%.
A pesar nas contas ficou a TAP – Manutenção e Engenharia Brasil, que de acordo com o Relatório e Contas, registou um prejuízo de 31,9 milhões de euros em 2016, face aos 40,2 milhões de euros de perdas em 2015.
‘Luvas’ em negócio ruinoso Em abril do ano passado, as suspeitas de crimes de administração danosa, participação económica em negócio, tráfico de influência, burla qualificada, corrupção e branqueamento levaram uma equipa do Ministério Público (MP) e de inspetores da PJ a realizarem buscas às instalações da TAP e da Parpública.
De acordo com nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), “os factos em investigação estão relacionados com o negócio de aquisição da empresa de manutenção e engenharia VEM”.
A compra da VEM ocorreu em 2005 e resultou em prejuízos que pesam ainda hoje nas contas. O caso está a ser investigado pela PGR desde que, em 2014, foi feita uma denúncia anónima. A denúncia incidia no processo de privatização da TAP, que falhou em 2012 e que terminou com o fim da proposta apresentada por Germán Efromovich. No entanto, o i sabe que se abordava também a compra da unidade de manutenção no Brasil à Varig, empresa que naquela altura estava falida e que tinha sido presidida entre 1996 e 2000 por Fernando Pinto, atual presidente da TAP. Um dos problemas que tem vindo a ser levantado é o facto de o negócio ter avançado sem o aval do Ministério das Finanças.