Ricardo Santos ficou a 1 única pancada de somar 1,29 pontos para o ranking mundial que hoje foi publicado, um pecúlio nada de desprezar para um jogador que tem apenas 4,81 pontos.
Só o top-15 de cada torneio do Challenge Tour pontua para o ranking mundial e Ricardo Santos terminou o Barclays Kenya Open no grupo dos 16º classificados.
Assim, esta semana, perdeu algumas posições, de 925º para 953º, com uma média pontual de 0.1069, mantendo-se como o quarto melhor português no ranking mundial, depois de Ricardo Melo Gouveia, Filipe Lima e Pedro Figueiredo.
Contudo, o ranking mundial não é a sua prioridade este ano. Bem mais importante é outra hierarquia, a Corrida para Omã, ou seja, o ranking do Challenge Tour, a segunda divisão europeia.
Em 2011, Ricardo Santos terminou a temporada como 4º classificado nessa tabela. Ascendeu ao European Tour e em 2012 ganhou o Sir Henry Cotton Rookie of the Year, graças a um dos melhores anos de sempre de um português na primeira divisão europeia.
É esse feito que o algarvio quer repetir na época que agora se iniciou com o Open do Quénia, uma época muito bem preparada no Algarve Pro Golf Tour, onde foi uma das grandes figuras, com dois títulos conquistados.
O Open do Quénia, com 220 mil euros em prémios monetários, é sempre um dos fortes torneios do ano e o 16º lugar (empatado) é uma prestação positiva, sobretudo se acrescentarmos que foi alcançado com quatro voltas consecutivas abaixo do Par: 276 (70+68+68+70), -8, para um prémio de 2.970 euros.
Desde o Challenge da Escócia, em junho, que Ricardo Santos não alinhava quatro voltas seguidas abaixo do Par em torneios de circuitos europeus. No entanto, no Algarve Pro Golf Tour já tinha demonstrado que essa regularidade estava a cimentar-se.
«Foi uma semana bastante positiva, joguei consistentemente nos quatro dias. Foi um bom começo de temporada e agora há que trabalhar já para o próximo», escreveu na sua conta profissional de Facebook o profissional do Victoria Clube de Golfe, que está em 16º na Corrida para Omã e precisa de encerrar 2017 no top-15 para subir ao European Tour em 2018.
Ricardo Santos gostou de alguns dos seus pormenores no Muthaiga Golf Club, em Nairobi:
«Sinto-me preparado e motivado para arrancar a temporada», escreveu antes de começar a jogar.
«Joguei muito bem do tee e os ferros compridos e médios, mas a parte do jogo que não estive muito bem foi nos shots curtos (de 50 a 80 metros), pois tive dificuldades em controlar estas distâncias», analisou após 18 buracos.
«Hoje não joguei tão bem do tee como ontem, mas consegui fazer melhor resultado o que é importante. A maior diferença do dia de hoje para o de ontem foi que joguei muito bem os pares 5», considerou aos 36 buracos.
«Joguei muito bem e criei boas oportunidades de birdie», afirmou aos 54 buracos.
«Hoje voltei a jogar muito bem, mas não consegui aproveitar algumas boas oportunidades que tive durante o dia», concluiu aos 72 buracos.
Uma exibição sólida, com momentos de brilhantismo como os 2 eagles, no Par-5 10º na segunda volta e no Par-4 17º no último dia. Somou mais 11 birdies e sofreu 7 bogeys.
Houve dois buracos que foram muito importantes para o campeão nacional: o 10, jogado em -4, e o 18, em -3. Foi pena que depois de 3 birdies seguidos no 18 tenha fechado a prova com 1 bogey no último dia, sendo essa a pancada que lhe custou o top-15 e a tal subida no ranking mundial, mas o mais relevante é mesmo estar de regresso às boas exibições e aos bons resultados dia após dia.
O seu próximo torneio será o Turkish Airlines Challenge, em Antalya, de 200 mil euros em prémios monetários, a 20 de abril.
Entretanto, para além de Ricardo Santos, houve outro português em Nairobi, Stephen Ferreira, um português do Zimbabué, que até começou muito bem, com 68 pancadas, 3 abaixo do Par do Muthaiga Golf Club, no 29º lugar empatado, entre 156 participantes.
Simplesmente, no segundo dia, o português de 24 anos (10 anos mais novo do que Santos) enterrou-se com 77 (+6) e não passou o cut, tombando para o grupo dos 99º classificados, com 145 (+3).
Stephen Ferreira jogou o Open do Quénia por proximidade geográfica, uma vez que tem cartão para o Sunshine Tour de 2017/2018, depois de ter terminado a época transata no top-100 da Ordem de Mérito da primeira divisão sul-africana.
Mas como o Sunshine Tour só arranca a 20 de abril com o Open do Zimbabué, onde Stephen Ferreira irá jogar em casa, decidiu rodar no Challenge Tour, na semana passada.
O Open do Quénia foi ganho pelo inglês Aaron Rai, com 267 (67+66+69+65), -17, batendo por 3 o francês Adrien Saddier (68+62+72+68).
Rai arrecadou 35.200 euros mas, como frisou o site especializado “Golftattoo”, o que ele valorizou foi, sobretudo, poder dedicar o título à sua mãe, queniana, em pleno Dia da Mãe no Reino Unido, diante de um povo que o adotou como seu, ao ponto de ter conhecido o Presidente da República, Uhuru Kenyatta.
Para Ricardo Santos, o sucesso de Aaron Rai também é significativo. Em primeiro lugar porque os dois têm um bom relacionamento e o próprio pai do jogador inglês, que costuma acompanhá-lo, considera Ricardo um excelente rapaz, como nos afiançou em Omã, no final do ano passado.
Por outro lado, Aaron Rai – como também recordou o “Golftattoo” – já ganhou este ano um torneio no Algarve Pro Golf Tour e acaba de vencer o primeiro evento do Challenge Tour.
Poderá ser uma boa inspiração para Ricardo Santos, bicampeão do circuito organizado pela PGA de Portugal e pelo Jamega Pro Golf Tour.