Poderemos, pois, perguntar: esta solução de venda parcial será boa ou má para o interesse nacional?
A verdade é que tem vantagens e desvantagens. Do lado destas últimas, note-se que o comprador não está a acreditar muito na possibilidade de o Novo Banco dar lucros a curto prazo, pois se acreditasse teria querido comprar 100% do capital. A vantagem de ter um sócio minoritário, do ponto de vista do comprador, o fundo de investimento americano Lone Star, é que este suportará parte dos prejuízos. Está assim posta de parte a garantia inicialmente exigida pelo Lone Star, que tencionava ser o Estado português a suportar os custos do crédito malparado, até 2.000 milhões de euros. O comprador deixou cair a exigência dessa garantia, mas mesmo assim não deixará de passar para o Estado 25% dos prejuízos que o Novo Banco registar.
Quanto ao facto de o Estado não ter voz ativa na gestão do banco, é simplesmente negativo. Trata-se de uma exigência de Bruxelas, que receia que dominando o Estado a Caixa Geral de Depósitos e tendo influência no Novo Banco, deteria um peso demasiado importante no mercado bancário português. É um receio um bocado irracional, tanto mais que o peso da intervenção do Estado no Novo Banco, tendo só 25% do capital seria sempre limitado, mas não há outra solução senão aceitar o remédio prescrito, em nome das sacrossantas forças do mercado.
Por fim o facto de o Estado vender gradualmente a sua posição no capital do Novo Banco poderá ser uma vantagem, pois daqui por cinco anos (o prazo mínimo em que a Lone Star ficará como acionista da instituição) o banco, refeito e lucrativo, pode valer muito mais do que vale hoje em dia. Com as devidas distâncias, porque a comparação não é perfeita, mas foi isso que o governo britânico fez com o Lloyds, que tem à frente António Horta Osório: primeiro nacionalizou; depois, aos poucos, foi vendendo fatias de capital, cada vez mãos caras, à medida que a situação no banco melhorou
Em resumo: não é uma situação perfeita, mas foi o melhor que se pode arranjar.