O Banco de Portugal prevê agora que a economia nacional cresça 1,8% este ano, 1,7% em 2018 e 1,6% em 2019. Além disso, o investimento crescerá robustamente, o equilíbrio externo da economia manter-se-á (não nos endividaremos mais, como um todo, para fazer face a despesas correntes), e o desemprego continuará a descer, com a criação líquida de postos de trabalho.
Os mercados atravessam um bom momento: a bolsa subiu para os máximos dos últimos dez meses, e as taxas de juro da dívida a dez anos continuam a descer. Estas últimas subiram artificialmente devido ao que se chama de “acidente técnico”: o título que antes servia de referência para calcular as taxas a dez anos foi substituído por outro que, por se estender mais no tempo, tem os juros mais elevados. Foi devido a este acidente técnico que as taxas a dez anos subiram, para quem as segue na Bloomberg, de 3,99% a 15 de março, para 4,30% a 16.
De facto, não subiram, foi apenas o título de referência que foi alterado. Mas, segundo a Bloomberg, esta subida está lá. Por isso, é “oficial”. E, de qualquer forma, o título de referência teria de ser substituído: é que, à medida que vamos avançando no tempo e a sua maturidade (o reembolso do capital emprestado) se aproxima, o seu prazo desce de dez para nove anos, e descerá depois para oito, e assim sucessivamente.
Os juros a dez anos têm vindo a descer desde esse máximo de 4,30% a 16 de março. E, graças às boas notícias, intensificaram a descida desde o início desta semana. Fecharam hoje a 3,95%, depois de terem cotado a 3,92%.
E porque é que os números de hoje, 30 de março, são importantes? Porque, conforme me explicou um leitor atento, numa tendência de subida um título vai fazendo máximos e mínimos sucessivamente mais elevados, E o fecho de hoje, a 3,95%, quebra essa tendência para os juros a dez anos da dívida portuguesa. O valor de fecho é inferior ao anterior mínimo de 3,97% atingido a 14 de março.
Os juros portugueses têm espaço para continuarem a descer. E, de qualquer forma, o Estado não pode só financiar-se com obrigações (títulos de dívida) a dez anos, porque o juro pedido pelos investidores é superior ao custo médio da dívida portuguesa, que salvo erro é de 3,4%. Mas os juros atuais a dez anos fazem, por exemplo, que compense pedir dinheiro emprestado no mercado para liquidar antecipadamente os empréstimos contraídos junto de um dos parceiros da troika: o FMI.