Operigo é mais frequente do que um homem imagina – e, quando espreita, o medo é a sua única companhia. António Jorge Ferreira, 41 anos, e o colega Carlos Caetano, de 29, ambos militares da GNR do posto territorial de Aguiar da Beira, tinham tido até àquela terça-feira de outubro de 2016 uma vida profissional sem sobressaltos, e nada fazia prever que aquela madrugada fosse diferente. Pouco depois da meia-noite saem em patrulha para o turno que acabará às oito da matina.
O inverno aproximava-se mal-encarado em terras da Beira Alta. Uma cortina de neblina assentava. Alguns fogos postos, ateados recentemente, levam a dupla de militares a percorrer a área. Tinham passado duas horas e picos desde a entrada ao serviço quando, ao passarem num local ermo, onde se avista o Hotel das Caldas da Cavaca ainda em construção, Ferreira vê uma pick-up preta de marca Toyota. Ao volante está um homem coberto com uma manta, que parece dormir.
O carro-patrulha aproxima-se, entra no caminho de terra batida, circunda o hotel e estaciona a um metro de distância. Na caixa aberta da pick-up há vários bidões com gasóleo, que levantam suspeitas aos guardas. Com o motor ligado e os faróis a incidir na outra viatura, saem do carro. O guarda Ferreira aproxima-se do vidro do lado do condutor e, com o nó do indicador da mão direita, bate ligeiramente para não o assustar. O outro acorda esparvoado. Levanta as mãos em sinal de rendição, e diz: «Ó senhor guarda, está tudo bem, não há problema, só estou aqui a descansar um bocadinho».
Um homem aparentemente pacífico
Seguem-se os procedimentos habituais. Pedem-lhe que saia da pick-up e apresente os documentos pessoais e da viatura. Pedro Dias, homem possante e de trato amigável, retira-os do porta-luvas e entrega-os. Os dois agentes, que não o conhecem, não podiam prever as diferentes facetas da sua natureza tumultuosa. Caetano pede-lhe que o acompanhe ao carro-patrulha, para o identificar. Pedro Dias, pacificamente, segue-o.
Enquanto Caetano contacta via rádio portátil com o comando da GNR da Guarda e recolhe informações sobre a matrícula da pick- -up e o seu proprietário, o outro agente e Pedro Dias vão ouvindo as respostas do outro lado. O veículo não está referenciado no sistema em qualquer situação suspeita, e o seu proprietário é uma senhora. Pedro Dias logo arranja uma explicação: trata-se da sua sócia.
Perante a morada constante do livrete da pick-up, em Fornos de Algodres, o guarda Ferreira, cuidadoso, pede ao colega para ligar com discrição (e desta vez do telemóvel) para os colegas da GNR na vila, a cerca de 30 quilómetros dali, para tirar a limpo se o homem tem antecedentes criminais. Pedro Dias, que nunca tivera uma vida regular, sente o alarme do risco. Estava prestes a revelar a sua outra faceta que apanharia os agentes da autoridade completamente desprevenidos. Caetano afasta-se, para não ser escutado, enquanto Ferreira e Pedro Dias regressam à pick-up Toyota.
Faltam precisamente dois minutos para as três badaladas da manhã quando Caetano liga para um antigo colega colocado em Fornos de Algodres e que também está de turno nesta noite, Carlos Júlio Cruz. Este ouve a história e, sentindo a preocupação do colega com os jerricans de combustível, que poderá ser roubado, avisa-o: «Ele não é conhecido por roubar combustível, mas é um indivíduo esquisito e pilho [palavra usada para ladrãozeco]». Sentado ao lado de Carlos Cruz, ao volante do carro, o guarda principal Sequeira acompanha a conversa e recomenda ao colega que diga ao outro que o homem costuma andar armado. Ambos se oferecem para ir ao seu encontro, mas Caetano, levado pelas boas falas e modos de Dias, mostra-se seguro: «Não há necessidade, ele está calmo e tranquilo, não apresenta qualquer comportamento estranho».
Caetano reaproxima-se então de Ferreira e informa-o discretamente: «Está referenciado pelas autoridades, nomeadamente a de Fornos de Algodres, é considerado perigoso e pode estar armado». Esta frase revelar-se-ia fatal.
O primeiro disparo
Pedro Dias terá percebido o conteúdo da troca de palavras entre os guardas e levará segundos a reagir. Tinha muito a perder se o revistassem. E naquele momento um acaso surge em seu auxílio: um estrondo vindo da mata distrai por momentos a atenção dos GNR. Quando Ferreira pousa de novo o olhar em Pedro Dias, já este tem uma arma apontada a Caetano, a 20 centímetros da cabeça. «Era de pequenas dimensões de cor prateada e preta (cromado), acreditando tratar-se de uma arma de fogo de calibre 6.35mm, ou, no máximo, 7.65mm», descreveria mais tarde o guarda no seu testemunho à PJ.
Tratava-se de uma pistola que, seis anos antes, participara num crime que acabou arquivado, cometido durante o furto a um armazém de ração para gado em Leiria. Quando a GNR acorreu ao local, fora recebida a tiro pelo suspeito, com oito balas que, por obra do acaso, não fizeram vítimas. O atirador conseguiu então escapar numa pick-up semelhante à que Pedro Dias agora usava, mas os invólucros das cápsulas das munições deflagradas ficaram no Laboratório da Polícia Criminal, para serem comparadas com as de outro eventual crime.
Sem preâmbulos, Pedro Dias dispara. Caetano cai sem vida no chão, enquanto Ferreira é manietado. O homem perdera num ápice a educação e o ar solene de quem fora criado numa das melhores famílias de Arouca: «Se te mexes, fodo-te os cornos e vais-lhe fazer companhia».
Com 44 anos, Pedro Dias, filho de uma professora e de um engenheiro, tem o paleio de um burlão e vive como tal. Nunca fizera nada na vida, mas dizia-se piloto e governava-se com o que desviava das mulheres que seduzia. Desde muito cedo que se passara para o outro lado da fronteira da legalidade.
Pistola apontada à cabeça
O guarda Ferreira, sem grande experiência de situações de risco, conhecia pela primeira vez o verdadeiro significado da palavra ‘medo’. Tem agora a arma apontada à sua própria nuca e o colega morto a centímetros dos seus pés. Pedro Dias, mantendo uma serenidade intrigante, ordena-lhe que mantenha o braço direito ao alto (de modo a não poder sacar a arma de serviço) e que retire o cinturão, onde se encontra o coldre com a Glock 9mm e um porta bastão. Diz-lhe para os atirar para longe. E manda-o fazer o mesmo com as armas de Caetano.
Ferreira aproveita para ver se o colega está vivo, abana-o, chama-o pelo nome, como se a identidade que se dá a um homem quando nasce tivesse o dom de o arrancar ao percurso inverso. Caetano não responde – e ele, com um enorme vazio no cérebro, espera um desenlace semelhante para si próprio. O fecho daquela trama tenebrosa.
Sem o tirar da mira, Pedro Dias recolhe os cinturões, esconde-os junto aos pedais do Toyota e tranca o carro. Tinha de abandonar o local do crime. O agente faz-lhe um apelo, num tom de desespero: «Leva o que quiseres, vai-te embora, mas deixa-me ficar aqui junto do meu colega para pedir auxílio e socorro». Mas a súplica de Ferreira esbarra na frieza do outro: «Queres morrer aí?». Entram no carro-patrulha, com Ferreira ao volante, sob a ameaça da pistola.
Andam uns quilómetros. Pedro Dias pensa na maneira de sair daquela enrascadela. O rádio portátil da GNR pousado no tablier dá-lhe uma ideia. Prevendo que o carro-patrulha tenha um localizador de GPS, dá nova ordem a Ferreira: «Vamos até ali abaixo e depois pedes umas matrículas para despistar a localização deste carro».
Na estrada, um pouco mais à frente, encontram um automóvel branco estacionado. Com a arma encostada à pele, Ferreira segue escrupulosamente as instruções que lhe dão. Pega no rádio, enquanto o outro ameaça: «Vê lá o que vais fazer». O militar não ousa sair do guião. «Presumi que, se desse alguma indicação do perigo e de necessidade de auxílio, seria morto», contará posteriormente. Em comunicação com o posto, pede a um colega o nome do proprietário do carro com quem se cruzaram.
‘Está tudo bem, não te preocupes’
Após a resposta do posto, Dias manda-o inverter a marcha, rumo de novo ao hotel das Caldas da Cavaca onde ficara o corpo de Caetano. Ao militar, espera-o a parte pior: carregar o cadáver do colega para a bagageira do carro-patrulha. No seu lugar, uma mancha escarlate ficara na terra. Dias disfarça-a deitando areia por cima. De seguida, retira do Toyota (onde deixara os cinturões) a arma de Caetano e umas luvas castanhas. Coloca-as e regressa ao carro-patrulha. Passa umas algemas a Ferreira, para que este prenda uma das argolas no seu pulso direito, enquanto a outra é presa no friso do teto do carro. A sorte do agente estava traçada.
Voltam à estrada. A noite está ainda fechada, o frio é cortante, e Dias tem agora na cabeça um passa-montanhas, para não ser apanhado nalgum sistema de vigilância de uma área de serviço. Volta a usar o esquema de pedir à sala de emergência da GNR a identificação de matrículas de viaturas cujos proprietários conhece. Horas depois, quando se iniciassem as investigações ao desaparecimento dos dois agentes, descobrir os donos dos referidos carros será a primeira tarefa das autoridades.
São 4h25 quando Vítor Santos, o agente que está de plantão no posto de Aguiar da Beira – e que vai respondendo às diligências pedidas pelos colegas – tenta em vão contactar Caetano para o seu telemóvel pessoal. De seguida, liga a Ferreira e este, com o consentimento de Pedro Dias, atende. Por norma, a esta hora, as patrulhas que estão no exterior passam pelo posto para tomar um café e trocar dois dedos de conversa. «Então sempre passam aqui pelo posto para tomarem café?», inquire. A resposta do colega deixa-o tranquilo: «Está tudo bem, não te preocupes, já vamos». Entretanto, Dias enfiara o carro por um caminho manhoso e sobe um monte. Andam 30 minutos, sempre a abrir entre a vegetação cerrada. Até que um pedregulho paralisa o carro.
Na estrada, à hora errada
Pedro Dias sai da viatura e, com um pé de cabra, rebenta o friso do carro onde Ferreira está preso. De seguida, manda-o sair e algemar-se a um pinheiro. Estava um frio áspero, mas Dias livrara-se do kispo e apenas veste uma t-shirt bege, com uma águia estampada. Dispara mais um tiro contra o guarda: «Senti um estalo no ouvido, fiquei zonzo e acabei por cair. Depois, senti que estava a ser arrastado de barriga para baixo. O Pedro Dias tapou-me com giestas, outros arbustos e algumas pedras e acabei por perder os sentidos. Foi sempre muito frio, controlado e calculista», recordará Ferreira mais tarde no depoimento à PJ. Curiosamente, este novo tiro acabaria por ser mais um elemento a incriminar Pedro Dias, deixando vestígios de pólvora na sua t-shirt que serviriam para o situar no cenário dos crimes.
O agressor continua na sua senda sangrenta. Caçador, conhece até pelo tato aqueles caminhos. Consegue pôr o carro-patrulha em movimento e desce o monte, pois precisa de recuperar o Toyota e demarcar-se dos crimes. Está por tudo.
Àquela hora, Liliana Pinto, 27 anos, e o marido Luís Carlos, construtor civil, dois anos mais velho, encontram-se na estrada nacional 229, entre Aguiar da Beira e Viseu, a cerca de 500 metros em linha reta do Hotel das Caldas da Cavaca onde Pedro Dias deixara a pick-up com os cinturões da GNR. Naturais de Trancoso, tinham madrugado para se deslocarem a Coimbra, onde têm marcada mais uma consulta de fertilidade no Centro Hospitalar e Universitário. Enlevados pelas expectativas, não hesitam em parar ao verem junto à estrada um indivíduo que aparenta estar em dificuldades. Mal encostam à berma, Dias aponta-lhes a Glock 9mm que roubara a Caetano, o primeiro agente a ser abatido, e manda-os sair. Baleia-os de imediato. São seis e pouco, segundo um funcionário de uma bomba de gasolina da BP a poucos metros dali, que ouve os tiros e depois reportaria o facto à PJ.
Pedro Dias parece arrastado por uma tempestade sangrenta, o que não é mais do que um dos reflexos da sua identidade obscura. Sempre confiara na sua boa estrela e está disposto a tudo para alcançar um objetivo. Corre contra o tempo. Amanhece. Esconde os corpos entre arbustos próximo do local onde abandonara o carro da GNR, e com o veículo roubado ao casal vai recuperar o Toyota. No chão, ficam os invólucros da Glock 9mm da GNR. Mais tarde, ao iniciar uma prolongada fuga às autoridades, deixaria para trás a arma que o comprometeria. Mal chega ao Hotel das Caldas da Cavaca, esconde o carro do casal e sai da zona ao volante da Toyota, convencido que não deixara testemunhas.
Percebeu que estava vivo
Mas a essa hora já Ferreira recuperara a consciência. Ouvira o galo cantar, estava vivo! Livrou-se do arvoredo e pedras que o cobriam: «Estava a sentir-me muito sonolento e não queria adormecer. Despi o blusão e o polo para enrolar à volta da cabeça e estancar o sangue». Com todos os instintos a emitirem sinais de emergência, recupera a têmpera e, cambaleante, começa a descer o monte. Precisa urgentemente de ajuda e vem-lhe à memória a casa de um colega, a dois quilómetros dali.
São sete e dez da manhã quando o cabo Carlos Santos ouve alguém bater à porta. Ao ver o estado em que se encontra Ferreira, chama uma ambulância. Enquanto lhe faz os primeiros socorros, ouve-lhe a história dramática da noite e inteira-se do nome do autor dos crimes. O alerta é lançado neste momento.
Entretanto, Dias mantém-se confiante e não abandona a zona. Na sua mente, tinha construído o crime perfeito. Com uma pragmática sabedoria de vida, sabia que tinha de mudar de novo de carro. Eficiente com as mulheres, continuava a manter influência nelas mesmo quando as trocava. Ana Cristina, uma ex-sócia, que com ele viveu uma relação tempestuosa, vai a caminho do Agrupamento de Escolas de Sátão onde dá aulas. O relógio marca 8h20, o nevoeiro compacto tolda-lhe a visão, quando um carro atrás de si lhe faz sinal de luzes. É Dias, ao volante de um automóvel que não lhe devolvera apesar da separação (e do qual ela continuava a pagar todas as despesas, do seguro às portagens).
Em tempos, Ana Cristina comprara uma propriedade onde ambos se dedicaram à agropecuária. Mas fora ela quem entrara com o capital – e só quando fez as contas às despesas arranjou coragem para se livrar dele. Agora, aparecia-lhe de novo no caminho. Estaciona o carro na berma, para saber ao que o homem vem. Cumprimentam-se, e a mulher nem percebe que, ao abraçá-la, Pedro lhe suja de sangue o blusão. O homem pede-lhe que deixe ali o seu carro e que siga com ele até sua casa, em Vila Chã, onde precisa de ir buscar outra viatura.
Livra-se do carro que o colocava no primeiro crime
No percurso, Pedro Dias anuncia-lhe uma vitória: ganhara a custódia de Maria, uma menina de 10 anos filha de uma antiga relação com uma veterinária que também espoliara. Aberta a conversa, faz-lhe um estranho pedido: se alguém lhe perguntar pelo seu paradeiro na noite anterior, ela que diga que jantou na sua casa e que por lá ficou a dormir. Ana Cristina ainda o questiona, mas ele responde muito calmo: «Não se passa nada, faz-me só esse favor». À porta da sua residência está estacionada outra pick-up igualzinha à que conduz, mas azul. Passa-lhe as chaves e voltam a encontrar-se no local onde abordara Ana Cristina, que segue o seu caminho. Ali próximo, Dias esconde o Toyota preto e muda-se para o azul.
Pedro Dias livrava-se, assim, do carro envolvido no primeiro homicídio. As cartas estão a seu favor. Se isto tivesse acontecido uma hora antes, teria sido ali apanhado por um colega de Caetano, a sua primeira vítima.
É que, pelas 7h00 da manhã, logo a seguir a António Ferreira ter sido levado para o hospital, o alerta fora dado. Mas ainda não havia pistas concretas. A GNR de várias localidades vizinhas saíra em peso à rua. Os donos dos carros cujas matrículas o agente fora pedindo à GNR, a mando de Dias, são os primeiros a ser investigados, enquanto algumas patrulhas procuram o carro dos militares desaparecidos.
Carlos Cruz, a última pessoa a falar com Caetano – quando este lhe pedira referências sobre Pedro Dias –, recebe a notícia a essa hora: o carro-patrulha desaparecido fora localizado pelo GPS, e o agente segue para o local.
No caminho, passa pela casa de Pedro Dias, onde ainda se encontrava estacionada a pick-up azul. Cruz recorda a conversa que mantivera com Caetano. Tinha-o avisado de que se tratava de um ladrãozeco que, por norma, andava armado. Mas as informações ainda eram muito vagas, apenas se sabia que a patrulha fora alvo de uma emboscada e que dois civis também tinham sido baleados numa estrada, tendo um deles morrido de imediato – mas aparentemente um caso não estava ligado ao outro.
Agente deita tudo a perder
Quando chega ao carro-patrulha, Carlos Cruz vê o amigo na bagageira. Tira-lhe o pulso: nenhum sinal. Os bombeiros chamados ao local acabam por remover o corpo – e, nesse movimento, cai no chão um documento: é a carta de condução de Pedro Dias, que o guarda Caetano guardara no bolso.
A descoberta faz soar todos os alarmes, mas acabará por deitar tudo a perder.
Pedro Dias, convencido de que não deixara testemunhas, mantinha-se tranquilo na região. É o cabo Carlos Santos, que tem um terreno contíguo à sua propriedade, o primeiro a ligar-lhe. Mas este tenta despachá-lo: «Estou a caminho da cidade de Valladolid, em Espanha».
A chamada cai, mas as comunicações repetem-se. O cabo volta a ligar a Dias e pergunta-lhe se não perdeu algum documento. Este acha que não, mas vai verificar. Meia hora depois, é Pedro Dias quem retoma o contacto: «Não tenho a carta de condução nem outros documentos». Questionado sobre como os teria perdido, responde que uma patrulha da GNR, durante a noite, lhe fizera uma fiscalização de rotina ao carro: «Foram até uns tipos porreiros, pois havia um problema com os documentos da carrinha e tinha lá umas bilhas de gasóleo e eles nem ligaram».
Nesse momento, Manarinha Bupatcha, sargenta da GNR de Moimenta da Beira, deita tudo a perder. Retira o telemóvel ao subordinado e faz uma entrada à forcado: «O senhor está com um problema grave e deve apresentar-se às autoridades de imediato».
Aqui, o homem percebe que algo lhe escapara ao controlo. Desliga o telefone e inicia a fuga – uma saga que duraria quase um mês e deixará o país em reboliço.