Os ginásios passaram a health club, às maquinas de musculação juntaram-se gabinetes de estética e bem estar e um plano de treino raramente é feito sem o apoio de um nutricionista. A forma de encarar a atividade física está a mudar e a personal trainer Patrícia Pinto ajuda a explicar porquê. “Quando eu comecei, há 12 anos, os ginásios ainda eram vistos por muitos como os sítios dos pesos, das máquinas, para onde as pessoas iam para ficar grandes, fortes e musculadas”, explica. Hoje em dia isso já não acontece. “Houve uma mudança de atitude do público, que começou a pensar mais num estilo de vida saudável, e dos ginásios, que foram obrigados a ser muito mais que um espaço para fazer exercício”.
Este ponto de vista de quem está do lado de lá desta barricada chamada exercício físico vem ao encontro dos resultados de um estudo recente que mostra que as motivações variam nas diferentes fases da vida. Mais especificamente, os 32 anos são apontados como a altura em que se começa a fazer exercício físico para cuidar da saúde, mais até do que por questões estéticas.
“A idade traz outra maturidade e, principalmente, outras necessidades”, lembra Patrícia, habituada ao discurso sobre as horas passadas ao computador. “Quem chega cá aos trinta e tal anos passa muitas horas por dia sentado. Ou seja, quando nos procuram têm a preocupação de aliar o emagrecimento a uma melhor postura”, explica. Se avançarmos na idade, as queixas acumulam-se e cada vez mais o foco se vira para a prevenção. “Com a aproximação da menopausa, as mulheres de 40 e 50 anos querem mesmo que o exercício as faça sentir melhor, como prevenção para as mudanças hormonais que acontecem”.
Bonitos e saudáveis Segundo este estudo desenvolvido no Reino Unido pela Motor London a pedido da Virgin Active, a principal motivação para fazer exercício de mais de metade dos inquiridos (58%) com idade inferior a 25 anos, é ter “uma boa aparência”, percentagem que reduz para 36% nos participantes entre os 35-44 anos. No entanto, mais de metade das pessoas entre os 25 e os 34 anos (55%) afirmaram que preferiam parecer magros e tonificados nas suas fotos de férias, do que em forma para correr uma maratona, percentagem que nas mulheres atinge os 52%, face aos 39% dos homens.
“Infelizmente” começa por admitir, Nuno Martins garante que ainda não teve um cliente que o procurasse por outra razão que não fosse emagrecer ou tonificar. “Não digo que não falem do bem estar e da necessidade de diminuir o colesterol ou a tensão alta”, mas a grande motivação é sempre perder gordura. A prova disso é que, tal como acontece nos ginásios, Nuno, que faz serviço de coaching online, tem um pico de clientes em janeiro – “perder peso é quase sempre uma resolução de ano novo”, comenta – e abril/maio, “quando o tempo de praia se aproxima”. E apesar do esforço em “educar”, as dietas são quase sempre momentâneas e as desistências muito comuns, independentemente da idade.
Mesmo assim, a par dos resultados, os especialistas envolvidos no estudo criaram uma espécie de plano de treino dirigido a pessoas em diferentes fases da vida. Se aos 20 é suposto correr 5 quilómetros em meia hora, aos 30 uma prancha deve durar pelo menos 45 segundos. Aos 40 anos deve ser possível fazer 10 flexões seguidas e aos 50 são cinco burpees sem parar. Entre os 50 e os 70 anos a força muscular diminui 30%, mas não é por isso que os treinos devem parar. Aí, são recomendados 10 mil passos por dia e 12 agachamentos seguidos.