E a sensação de alívio foi generalizada: finalmente, alguém estava a fazer alguma coisa contra aqueles assassinos, se bem que os bombardeamentos da NATO não resolvessem o que quer que fosse no imediato.
Por isso, quando o presidente Trump ordena ataques aéreos contra a Síria, especialmente contra a base aérea de onde terá partido o ataque com armas químicas, que esta semana terá vitimado cerca de setenta pessoas, há uma sensação de dejá vu. Há uma elementar sensação de vingança contra aqueles que terão ordenado e perpetrado esse horrível ataque com armas químicas. Mas lançar umas dezenas de mísseis é apenas uma vingança. Não vai resolver o que quer que seja.
Para resolver, e acabar de vez com o regime criminoso de Bashar al-Assad, seriam precisas tropas no terreno, ou, no mínimo, uma coordenação entre as forças aéreas americanas e os rebeldes pró-ocidentais. Além disso, seria preciso dar garantias à Rússia que, após a queda de al-Assad, poderia continuar a usar as duas bases navais no Mediterrâneo que dispõe em território sírio. Sem essa garantia, os russos não vão deixar cair o regime de al-Assad, por mais atrozes atos de repressão que este pratique. Veja-se: ainda esta semana a Rússia vetou, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, um voto que condenava o regime sírio pelo ataque com armas químicas.
Enviar mísseis pode, no imediato, causar uma sensação de alívio e de vingança. Mas, para acabar com a guerra civil síria, que já dura há seis anos, seria preciso um empenho muito maior dos Estados Unidos e dos seus aliados, bem como assegurar à Rússia, que está do outro lado da barricada, que as ações militares contra al-Assad não se destinam a provocar mais uma quebra do poder geoestratégico russo. Destinam-se antes a assegurar que não ocorram mais horríveis ataques com aramas químicas e, se possível, que os responsáveis desses ataques são levados à justiça. Porque usar armas químicas, recorde-se, é um crime de guerra.