Todos os anos, nas férias da Páscoa, milhares de estudantes do ensino secundário e ensino superior aproveitam o descanso entre o segundo e o terceiro períodos escolares para usufruírem da mítica viagem de finalistas. O sul de Espanha está repleto de destinos para estas viagens de adolescentes ansiosos pelas que, para muitos, serão as primeiras férias sem os pais.
Benalmadena, Palma de Maiorca, Marina d’Or, Salou e Andorra são alguns dos locais escolhidos, que vieram substituir a cidade outrora predileta Lloret del Mar. Hoje fora do roteiro, Lloret ficou conhecida entre os portugueses pelos piores motivos, já que foi palco da morte de dois estudantes nacionais, um em 2010 e outro em 2012. O bom tempo associado à vida noturna atrai com facilidade a programação de uma semana de festa e descanso. É exatamente por estes motivos que, ao mesmo tempo, já é costume haver notícias menos positivas sobre este momento da vida dos estudantes do ensino secundário português. Foi o caso deste fim de semana, em que, no sábado, “o hotel onde estava alojado um grupo de 800 estudantes portugueses do ensino secundário” disse à Lusa que “expulsou os jovens por danos e vandalismo verificados nos últimos dias”.
Uma fonte da polícia de Torremolinos disse à agência noticiosa EFE que as autoridades tiveram de atuar várias vezes no Hotel Pueblo Camino Real, perto da cidade de Málaga, nos últimos dois dias de estadia do grupo de portugueses.
A polícia diz que um grupo de cerca de 1200 estudantes portugueses entre os 14 e os 17 anos causaram estragos nos quartos na ordem dos 50 mil euros. O hotel, que confirma o incidente, não quis comentar, embora tenha confirmado uma conferência de imprensa para hoje.
Segundo o jornal espanhol “El País”, os jovens terão sido expulsos pela direção do hotel depois de terem “destruído azulejos, atirado colchões pelas janelas, esvaziado extintores nos corredores do hotel e colocado uma televisão na banheira”, entre outros incidentes.
Os responsáveis terão feito queixa junto das autoridades, alegando que nunca havia acontecido “nada igual”.
Porém, ainda no sábado, o responsável de uma das agências que organizam este tipo de viagens negou que tenha havido desacatos e desmentiu a ordem de expulsão. “Os finalistas saíram no dia em que deviam ter saído, quando completaram as seis noites de hotel”, disse Nuno Dias, da agência Slide in Travel, a vários órgãos de comunicação social portugueses. Segundo José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades, “os serviços consulares já estão a acompanhar o caso e os estudantes encontram-se bem”, cita o “Diário de Notícias”. O secretário de Estado adiantou que a empresa que organizou a viagem “tinha seguro”, mas o hotel em questão “entende que o seguro não é suficiente para cobrir” os danos causados.
“O objetivo principal de uma viagem de finalistas é que eles se divirtam e tenham uma semana top, para daqui a 20 anos ainda se lembrarem”, explica ao i Sérgio Laima, coordenador de grupos de viagens de finalistas da SporJovem. “Na verdade, eu estou em Marina d’Or e aqui está tudo calmo. Temos 8 mil finalistas e até agora tem sido um ano perfeito em que os finalistas sabem estar e se divertem, ou seja, estão a aproveitar a semana deles à grande mas dentro dos limites.”
Para o coordenador, “ isto de correr bem tem a ver muito também com a coordenação, e cada vez mais é o resultado de ter uma equipa séria e profissional no terreno. Joana Felício esteve de 2006 a 2011 ligada uma empresa de coordenação de operações em viagens de finalistas: “A maior preocupação era sempre a segurança dos finalistas, porque a maioria era menor de idade e a primeira vez que estavam longe da família. As famílias tinham sempre um telefone disponível para onde podiam ligar, porque cheguei a falar com pais que não conseguiam contactar com os filhos porque estes desligavam o telefone e éramos nós que íamos procurá-los e os púnhamos em contacto.” A ex–coordenadora conta que, ao longo dos anos, houve sempre alguns casos de desacatos.
“Com tantos jovens juntos no mesmo espaço, era quase impossível não haver. Sabíamos que alguns grupos podiam ser mais complicados e que poderiam causar alguns problemas. Então, sempre que possível, havia uma preocupação da nossa parte em organizar os grupos nos hotéis de forma a não juntar esses grupos nas mesmas unidades hoteleiras. Depois havia coisas ‘normais’ de miúdos que, por imitação ou numa tentativa de se afirmarem, aconteciam, como rebentar extintores ou festas nos quartos.”