A Amnistia Internacional divulgou esta terça-feira o seu relatório anual sobre a aplicação da pena de morte em todo o mundo. Intitulado de “Penas de morte e execuções 2016”, o documento aponta uma diminuição do número total de execuções, em relação ao ano de 2015, e destaca a ausência dos Estados Unidos dos cinco primeiros lugares da lista, pela primeira vez desde 2006.
Segundo os dados revelados pela organização não-governamental, foram executadas 20 pessoas nos EUA em 2016 – a maioria através de injeção letal – o número mais baixo desde 1991, e que coloca os americanos no oitavo lugar do ranking. Apesar de destacar e de se congratular com a redução do número de norte-americanos condenados à pena máxima, a Amnistia recorda, no entanto, que mais de 2800 de americanos se encontram no chamado “corredor da morte”. Uma realidade que descreve como “chocante”. Alabama, Florida, Georgia, Missouri e Texas são os estados onde as execuções tiveram lugar.
Quanto ao balanço global, a ONG diz que foram executadas 1032 pessoas no ano passado – uma descida de 37% em comparação com 2015, quando se contabilizaram 1634 execuções. Este número não inclui, ainda assim, a China. A Amnistia não conseguiu determinar o número oficial de mortes por pena de morte naquele país, uma vez que, argumenta, as autoridades chinesas tratam este tipo de casos como “segredos de Estado” e não disponibilizam informação adequada. Não obstante, a organização estima que Pequim executa cerca de 1000 pessoas por ano, um número que praticamente iguala o verificado pelos restantes países do globo.
“O governo chinês faz uso de divulgações parciais e de alegações inverificáveis para reivindicar progressos na redução do número de execuções, mas ao mesmo tempo mantém [os números] em segredo quase absoluto. Esta postura é deliberadamente enganosa”, lamenta Salil Shetty, secretário-geral da Amnistia Internacional, em declarações reproduzidas no site oficial da organização. “A China quer ser líder na arena mundial mas no que toca à pena de morte, está a liderar da pior forma possível: executando mais pessoas anualmente que qualquer outro país do mundo”, acusa Shetty.
O Irão (567 execuções), a Arábia Saudita (154), o Iraque (88) e o Paquistão (87) completam a lista da Amnistia dos cinco países que mais pessoas executaram, aos quais se seguem o Egipto (44), a Somália (28) e os Estados Unidos (20).