Golfe. Tiago Rodrigues bate craques do European Tour

Tiago Rodrigues conquistou hoje (terça-feira) o título mais importante da sua carreira e o primeiro desde que passou a profissional há cerca de oito meses.

O jogador do Oporto Golf Club, de apenas 25 anos, venceu o 1º Guardian Bom Sucesso Classic, um torneio de 10 mil euros em prémios monetários, que se disputou nos últimos dois dias naquele “resort” situado no concelho de Óbidos.

O 1º Guardian Bom Sucesso Golf é o primeiro de três torneios do 8º “Swing” do Algarve Pro Golf Tour (APGT), agora rebatizado de Portugal Pro Golf Tour (PPGT), exatamente por ter-se expandido do sul do país para a zona Oeste.

A PGA de Portugal e o Jamega Pro Golf Tour britânico, as duas entidades que gerem e sancionam o PPGT, anunciaram há algumas semanas que este 8º e último “Swing” iria ter dois aliciantes extra: por um lado, o melhor jogador da série de três torneios irá receber um convite para o Open de Portugal @ Morgado Golf Resort, um evento do European Tour, de meio milhão de euros em prémios monetários, já em maio; por outro lado, o terceiro e último torneio irá ter um “prize-money” superior, de 15 mil euros.

Estas cerejas no topo do bolo atraíram uma lista de inscritos de 34 jogadores de elevada qualidade, com destaque para três jogadores que já venceram torneios do European Tour e outro campeão do Challenge Tour, mas Tiago Rodrigues superou-os a todos e é ele o primeiro líder desse “ranking” que oferece uma entrada no Open de Portugal @ Morgado Golf Resort.

Claro que a grande figura do torneio foi o escocês Paul Lawrie, que em 1999 fez aquilo que só no Domingo passado foi alcançado por Sergio Garcia – vencer um “Major”, no caso de Lawrie o British Open.

Poderíamos ser tentados a dizer que, aos 48 anos, Paul Lawrie deixou há muito o seu melhor golfe, até porque o seu 8º e último título no European Tour já data de 2012, mas seria um erro indesculpável. Afinal, em outubro, o escocês deu espetáculo em Vilamoura e quase ganhava o 10º Portugal Masters, terminando no 5º lugar.

Também o inglês David Dixon venceu o seu único título no European Tour em 2008, mas, atenção, na época passada foi 7º no Troféu Hassan II, um torneio mais rico do que o Portugal Masters (2.500 euros), que se joga esta semana com as presenças de Ricardo Melo Gouveia e Filipe Lima.

Outra das estrelas destes dois dias em Óbidos foi o espanhol Carlos del Moral, campeão de dois torneios do Challenge Tour e, sobretudo, da Final da Escola de Qualificação em 2013. E em 2015 del Moral foi 4º no BMW International Open do European Tour.

Finalmente, não podemos esquecer-nos de Ricardo Santos, um dos quatro únicos jogadores portugueses a terem um troféu do European Tour na sua coleção, quando venceu o Madeira Islands Open BPI em 2012. O mais novo dos irmãos Santos é ainda o atual duplo campeão nacional.

Deste quarteto de figuras grandes do golfe internacional só Carlos del Moral esteve uns furos abaixo do que sabe (voltas de 75 e 71), terminando com 2 pancadas acima do Par, no 19º lugar.

Os restantes foram dignos top-10’s: Paul Lawrie em 9º (-2) com voltas de 72 e 70; David Dixon em 5º (-5), empatado com o português Tomás Silva, ambos com voltas de 70 e 69; e Ricardo Santos em 2º (-7), entregando cartões de 66 e 71, ficando à frente do seu irmão mais velho, Hugo Santos (-6).

Tiago Rodrigues desafiou e derrotou esta brilhante concorrência com uma exibição quase imaculada, totalizando 135 pancadas, 9 abaixo do Par, ao agregar “scores” de 64 e 71.

E se dizemos quase imaculado é porque até ao último buraco não tinha perdido qualquer pancada nos dois dias de prova, mas fechou com 1 duplo-bogey, inconsequente, na medida em que, ainda assim, triunfou com 2 de vantagem.

Na última volta, Tiago Rodrigues jogou ao lado de Ricardo Santos e Tiago Cruz (67+75), respetivamente campeão e vice-campeão nacionais, e nunca se intimidou, bem pelo contrário.

«Quando comecei a jogar pelas seleções nacionais da FPG o Ricardo Santos já lá estava e era um dos melhores. Depois, ele passou a profissional e foi sempre um jogador que admirei, quer pela sua técnica, quer pelo modo como se apresenta no campo. Claro que é especial ter decidido com ele este meu primeiro título… tive-o como uma espécie de ídolo e hoje estava a jogar na mesma formação com ele, mas, sinceramente, no campo tentei abstrair-me disso», disse o portuense ao Gabinete de Imprensa da FPG.

Ricardo Santos não lhe facilitou a tarefa. O antigo top-10 da Corrida para o Dubai do European Tour converteu hoje 1 birdie no buraco 12 para ficar a apenas 1 pancada do líder, mas Tiago Rodrigues não tremeu e fez logo o seu 10º birdie do torneio para repor a vantagem de 2 pancadas.

«O 13 foi um buraco importante, até porque o Ricardo vinha de meter um putt longo (e poderia motivar-se) mas o 16 foi também muito importante porque converti um putt de uns 10 metros (para birdie), logo depois do Ricardo ter deixado a bola dada para birdie. Isso fez com que eu fosse para o 17 com 2 de vantagem», sublinhou o vencedor, que embolsou um prémio de 2 mil euros.

Nesta fase, assistia-se a um autêntico duelo de “match play” pelo título e como Ricardo Santos perdeu 1 pancada no 17, Tiago Rodrigues sabia que estava com 3 de vantagem para o último buraco.

«Toda a gente sabe que o último buraco é difícil mas até deixei a pancada de saída no fairway. Estava a uns 180 metros, com vento contra e cruzado, pelo que seriam uns 195 metros. Eu tinha a opção de jogar apenas em frente ou tentar ir para o green e foi o que fiz, mas a bola foi à direita (na água) e não fui capaz de fazer “shot e putt”. Não foi desconcentração mas talvez tenha sido um erro estratégico», admitiu o jogador que, tal como Tiago Cruz, pertence à equipa de profissionais da GreatGolf.

Num dia bonito, mas de muito vento, como é habitual no Guardian Bom Sucesso Golf, Ricardo Santos também sofreu 1 bogey no buraco 18, daí a vitória de Tiago Rodrigues ter sido carimbada com 2 pancadas de distância, impedindo o mais novo dos irmãos Santos de somar o seu 3º título da época de 2016/2017 do agora PPGT.

Apesar de uma bela carreira amadora – na qual foi campeão nacional de sub-16, campeão nacional de clubes (a última das quais no ano passado), finalista da Taça FPG/BPI (um ano antes de Ricardo Melo Gouveia também chegar à final), e membro das seleções nacionais, com destaque para o 4º lugar no Europeu de sub-18 em 2008 – Tiago Rodrigues não tem dúvidas em catalogar esta como a sua maior vitória de sempre:

«Claro que sim, porque estes torneios do PPGT estão a ter um nível muito elevado e eu joguei muito bem, sobretudo ontem, no jogo curto e no putt. As 8 pancadas abaixo do Par de ontem não foram a minha melhor volta de sempre, porque em novembro, num Pro-Am na Quinta do Lago, tinha feito -10 e na Escola de Qualificação do European Tour também já tinha tido uma volta de -8 há uns quatro ou cinco anos, mas joguei mesmo bem, sobretudo nos “shots ao green”».

No entanto, este recém-licenciado em Relações Internacionais no Rollins College de Orlando, na Florida – onde competiu pelos “Tars” –, valoriza também o sucesso de hoje pelas consequências que poderá ter a médio prazo:

«Claro que assegurar um convite para o Open de Portugal seria importante. Já joguei torneios do European Tour como amador mas agora, como profissional, tenho mais vantagens. Por outro lado, estou num conjunto de jogadores portugueses que vão lutar este ano por convites para torneios do Challenge Tour (atribuídos pela PGA de Portugal e pela FPG) e é importante mostrar o meu bom nível de jogo».

As classificações, resultados e prémios monetários dos jogadores portugueses no 1º Guardian Bom Sucesso Classic foram os seguintes:

1º Tiago Rodrigues (Ping We Love Technology), 135 (64+71), -9, €2.000

2º Ricardo Santos (Victoria Clube de Golfe), 137 (66+71), -7, €1.300

3º (empatado) Hugo Santos (Wilson Staff), 138 (71+67), -6, €900

5º (empatado) Tomás Silva (Club de Golf do Estoril), 139 (70+69), -5, €600

8º Miguel Gaspar (Belas Clube de Campo), 140 (71+69), €475

9º (empatado) João Carlota (Team Portugal), 142 (69+73), -2 €412,5

9º (empatado) Tiago Cruz (BiG), 142 (67+75), -2, €412,5

15ª (empatada) Susana Ribeiro (Guardian Bom Sucesso Golf), 144 (74+70), Par, €100

15º (empatado) João Ramos (Oitavos Dunes), 144 (72+72), Par, €100

25º Gonçalo Pinto (Hilti), 150 (78+72), +6

29º (empatado) Rui Morris (Honma), 153 (79+74), +9

33º Filipe Corte-Real (Guardian Bom Sucesso Golf), 157 (78+79), +13