Donald Trump voltou a dar provas de que os EUA estão de regresso às intervenções militares diretas no Médio Oriente. Depois do ataque com dezenas de mísseis a uma base aérea da Síria, na semana passada, o exército norte-americano fez hoje uso de uma das suas armas mais potentes que constam no seu poderoso arsenal: a bomba GBU-43/MOAB.
Pelas 19h00 horas locais, um avião C-140 da força aérea lançou aquela bomba não-nuclear – referida no seio do exército dos EUA como “Mother of All Bombs (“Mãe de todas as bombas)”, num trocadilho com as letras do seu nome – sobre o distrito de Achin, na província afegã de Nangarhar, junto à fronteira com o Paquistão. Na mira dos americanos estava um conjunto de túneis e cavernas que serviam de base aos combatentes do grupo terrorista Estado Islâmico no Afeganistão.
“À medida que aumentam as suas perdas, eles [os soldados do Daesh] estão a utilizar armadilhas explosivas, bunkers e túneis para reforças as suas defesas”, explicou o general John Nicholson, comandante das forças norte-americanas em território afegão, citado pela “Fox News”. “Esta [bomba] é a munição certa para reduzir estes obstáculos e manter o ímpeto da nossa ofensiva [contra o Estado Islâmico].
Desenvolvida durante a invasão anglo-americana ao Iraque, em 2003, a GBU-43 nunca tinha sido utilizada pelo exército dos EUA e fora apenas testada numa ocasião, nesse mesmo ano, no estado norte-americano da Florida. Com quase 10 toneladas de peso, a bomba é mesmo a arma mais poderosa ao serviço de Washington, excluindo os recursos nucleares.
Poucos minutos depois de confirmado o seu lançamento sobre o Afeganistão, o Departamento de Defesa norte-americano difundiu uma imagem da bomba: um enorme projétil cor de laranja.
À CNN – o primeiro canal de informação a noticiar o ataque de hoje – o Pentágono garantiu que foram tomadas “todas as precauções” para evitar “vítimas civis” e “danos colaterais”, uma informação que foi confirmada pelo assessor de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, na habitual conferência com os jornalistas em Washington.
No seu programa eleitoral, Trump tinha prometido que a procura da “paz através da força” seria o “centro” da sua estratégia de política externa e, no mesmo documento, o então candidato republicano garantia querer “prosseguir operações e coligações militares agressivas para esmagar e destruir o Estado Islâmico”.
Estas e outras disposições faziam crer que o intervencionismo externo seria uma das suas bandeiras, mas o discurso isolacionista do magnata, criou dúvidas e desconfianças sobre o verdadeiro caminho a seguir. Dúvidas aparentemente desfeitas com a as intervenções militares diretas na Síria, contra Bashar al-Assad, e no Afeganistão, contra o Daesh. A presença de navios de guerra ao largo da Coreia do Norte, só reforçam esta tese. A América bélica está de volta