A economia portuguesa deverá crescer 1,7% este ano, acima dos 1,1% previstos anteriormente. Esta nova projecção foi avançada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O valor anterior tinha sido avançado na edição de outubro de 2016 do ‘World Economic Outlook (WEO)’, documento que indica as projeções da instituição de crescimento mundial.
Esta nova projeção para Portugal fica ligeiramente aquém das estimativas do Governo, que apontam para um crescimento de 1,8%, como aparece inscrito no Programa de Estabilidade para o período 2017-2021, aprovado em Conselho de Ministros na passada quinta-feira.
Já para 2018 o FMI prevê um ligeiro abrandamento para a economia portuguesa, com um crescimento nos 1,5%. Este valor é também abaixo do previsto pelo Executivo: 1,9%.
Na análise do WEO a Portugal, a previsão é que a taxa de de desemprego se fixe em 10,6% este ano (projeção anterior colocava cifra em 10,7%) e de 10,1% no próximo ano.
Já a equipa liderada por António Costa espera que a taxa de desemprego desça para 9,9% já este ano e para os 9,3% em 2018.
O FMI reviu também em alta, mas de forma ligeira, a estimativa para a inflação em Portugal em 2017. Em outubro a previsão era de 1,1% e a estimativa divulgada ontem é de 1.2%.
A previsão para o próximo ano é de 1,4% enquanto a do Governo é de 1,6% este ano e de 1,7% no próximo. A mais longo prazo, em 2022, a instituição liderada por Christine Lagarde estima que a economia portuguesa esteja a crescer 1% e que a inflação seja de 1,8%.
Já em relação às contas públicas, a previsão é também de ligeira melhoria, mas enquanto o Executivo prevê excedentes orçamentais a partir de 2020, o Fundo continua a prever défices à volta de 2% até 2022.
Défice sempre a subir
A instituição com sede em Washington estima que Portugal apresente um défice orçamental de 1,9% em 2017, prevendo que suba quase todos os anos até atingir 2,6% em 2022, último ano do período analisado.
Segundo o Programa de Estabilidade 2017-2021, o Executivo estima que o défice orçamental represente 1,5% do PIB este ano, descendo para 1% no próximo e para 0,3% em 2019.
Para 2020 o Governo prevê um saldo orçamental positivo de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e de 1,3% em 2021, enquanto o Fundo prevê saldos negativos (e superiores) em cada um desses anos.
Também no que diz respeito à dívida pública, o FMI estima valores acima dos 123% até 2021, superior aos 109,4% previstos pelo Governo nesse ano. O Fundo prevê que a dívida pública represente 128,6% do PIB em 2017, 127,1% em 2018, 125,7% em 2019, 124,6% em 2020, 123,7% em 2021 e 122,9% em 2022.
Já o Governo estima que a dívida pública desça para 127,9% este ano, 124,2% no próximo, para 120% em 2019, para 117,6% em 2020 e em 109,4% em 2021.
Apesar da perspetiva de trajetória descendente ser coincidente, o ritmo de redução da dívida esperado pela instituição é inferior ao do Governo.
Tendências diferentes nos países da Zona euro
No WEO divulgado ontem, o FMI prevê ainda que a Zona Euro cresça 1,7% em 2017, revendo ligeiramente em alta a última projeção, e que cresça um pouco menos no próximo ano, antecipando um crescimento de 1,6%.
O FMI estima ainda que a taxa de desemprego nos países que partilham a moeda única seja de 9,4% em 2017 e de 9,1% em 2018, que a taxa de inflação seja de 1,7% este ano e de 1,5% no próximo e que as contas com o exterior correspondam a 3,0% do Produto Interno Bruto (PIB) em cada um dos anos.
As tendências do crescimento económico são, no entanto, divergentes entre os países: na Alemanha deverá desacelerar (dos 1,6% em 2017 para os 1,5% em 2018), tal como em Espanha (dos 2,6% em 2017 para os 2,1% em 2018), Itália deverá manter o mesmo ritmo de crescimento nos dois anos (0,8%), mas França deverá acelerar (dos 1,4% este ano para os 1,6% no próximo).
Manter a política do BCE
O documento defende ainda que na “Zona Euro, com as expectativas da inflação ainda inferiores à meta e várias economias ainda a operar significativamente abaixo da sua capacidade, o Banco Central Europeu deve manter a sua política expansionista atual”.
O fundo considera ainda que a “política monetária será mais eficaz se for suportada por medidas que limpem as folhas de balanço e fortaleçam o setor financeiro, usando o espaço orçamental se disponível, e acelerando as reformas estruturais”.
De acordo com o FMI, esta deve ser uma “prioridade crítica”.
é a estimativa de crescimento da economia portuguesa revelada pelo FMIé a previsão do FMI para a dívida pública em 2021. Governo estima 109,4%é a previsão de crescimento económico para a Itália1,7%