Jean-Luc Mélenchon está em grande. Apontado durante meses a fio como um dos outsiders na corrida à presidência de França, o experiente político, de 65 anos, galgou degraus atrás de degraus, nas últimas semanas, e chega às vésperas da primeira volta das eleições, marcada para o próximo dia 23, como sério candidato a marcar presença na segunda ronda.
Segundo a sondagem Scan/Le Terrain, publicada no domingo, o candidato da “França Insubmissa” – apoiado pela Frente de Esquerda, que agrupa comunistas e dissidentes socialista – ultrapassou mesmo Marine Le Pen, com 22% das intenções de voto, contra 21,5% da líder da Frente Nacional. O estudo é encabeçado pelo independente Emmanuel Macron (24%).
De acordo com aquele inquérito, Mélenchon é mesmo o candidato mais popular, junto dos franceses com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos.
A campanha inovadora liderada pelo antigo membro do Partido Socialista francês – hoje, por exemplo, voltou a falar aos seus apoiantes através da projeção de um holograma, em seis cidades distintas –, aliada às suas propostas de anti-austeridade, de novas reformas fiscais ou de renúncia às armas nucleares, e ainda impulsionada pela impopularidade recorde do partido no poder e do seu candidato Benoît Hamon, contribuíram seguramente para o sucesso aparente da mensagem, tanto entre os jovens, como junto do eleitorado da esquerda mais tradicional. E podem muito bem ajudar Mélenchon a apurar-se para confronto final.
Do outro lado do espetro político, Le Pen mantém a confiança de que ultrapassará a primeira ronda. Num comício com os seus apoiantes, em Paris, na segunda-feira, a candidata da extrema-direita prometeu a introdução imediata de uma lei de suspensão da entrada de migrantes de fora da UE, em território francês, com primeira medida, depois de ser eleita.
As eleições presidenciais deste ano realizam-se debaixo de um enorme dispositivo de segurança, resultante do estado de emergência ainda em vigor, pela continuação dos níveis elevados de ameaça terrorista. Hoje as autoridades francesas prenderam duas pessoas, em Marselha, suspeitas de estar a preparar “uma ação iminente nos próximos dias”.