A adolescente de 17 anos que morreu esta madrugada na sequência de uma complicação do sarampo não tinha feito as vacinas por opção dos pais depois de ter tido um choque anafilático aos dois meses de idade, na altura das primeiras imunizações.
Segundo a “Visão”, esta foi a justificação dada pela família no Hospital de Cascais, onde a adolescente foi internada com uma mononucleose e acabou por contrair sarampo. Nesta unidade hospitalar, um bebé de 13 meses com a doença acabou por contagiar seis pessoas.
As defesas em baixo e a falta de vacinação da adolescente contribuíram para o desfecho fatal.
O choque anafilático depois de uma vacina é um evento adverso raro que pode verificar-se por exemplo numa situação de alergia ao ovo, uma vez que a vacina contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola (vacina VASPR) pode conter vestígios de proteínas do ovo – os componentes são produzidos em culturas celulares de embrião de galináceos.
Esta manhã, na conferência de imprensa sobre o surto e sobre este caso fatal, não foram revelados mais pormenores além da indicação de que a jovem não estaria vacinada.
As orientações disponíveis no site da DGS reconhecem ainda assim o risco da alergia ao ovo na vacinação na vacina VASPR mas recomendam que a vacina seja feita na mesma, apenas com maior controle.
Nos casos muito raros de história pessoal clinicamente documentada de reação anafilática ao ovo, como seria o caso desta jovem, a administração da VASPR deverá ser feita em meio hospitalar, para haver maior assistência em caso de reação.
Esta orientação, atualizada pela última vez em 2012, lembrava que o ressurgimento dos casos do sarampo era um dos riscos do adiamento da vacinação. Na altura, o sarampo já tinha reaparecido em 30 países europeus, perfazendo um total de mais de 30.500 casos declarados em 2011, incluindo 8 mortes e 27 casos de encefalite.
A mesma norma lembra o papel dos profissionais de saúde. "É muito importante na motivação para a vacinação, nomeadamente a informação correta sobre as questões da vacinação, em particular, as que se relacionam com a qualidade, eficácia, segurança das vacinas e falsas contraindicações à vacinação. Como se sabe, a prevenção da ocorrência de surtos depende das coberturas vacinais a nível local, relacionadas, por sua vez, com a atitude dos profissionais de saúde."