Uma petição lançada hoje apela ao ministro da Saúde para que seja equacionada a obrigatoriedade das vacinas que fazem parte do Plano Nacional de Vacinação. A iniciativa começou a circular nas redes sociais depois de ter sido conhecida a morte de uma adolescente de 17 anos na sequência de uma complicação do sarampo. A jovem não tinha feito vacinas depois de, em bebé, sofrer um choque anafilático. Contraiu sarampo ao que tudo indica a partir de um bebé de 13 meses, igualmente doente, que ainda não tinha recebido a primeira dose da vacina. Este bebé terá contraído a doença de um familiar infetado noutro país.
"Sabemos que a taxa de vacinação em Portugal é muito alta e que muitos dos casos que agora surgem de doenças para as quais já há vacinas não se prendem, directamente, com os movimentos anti-vacinação. No entanto, consideramos que é cada vez mais importante alertar as pessoas para a necessidade de vacinar as crianças: por uma questão de saúde pública, não queremos que exista um retrocesso civilizacional no que à evolução médica diz respeito", argumentam os peticionários na missiva disponível nesta página.
"Porque estas mesmas crianças não vacinadas andam nas mesmas escolas, porque essas mesmas crianças podem ser foco de infecção para quem tem um sistema imunitário fraco ou para quem não pode ser, de todo, vacinado. Aproveitando as palavras recentes do presidente da Direcção Geral da Saúde, Dr. Francisco George, é preciso prevenir cada vez. E isso passa pela vacinação. Porque não queremos voltar a temer doenças como a tuberculose, o sarampo, a escarlatina ou a tosse convulsa. Por isso, vimos pedir que seja pensada a obrigatoriedade da vacinação de todas as crianças – e apenas das vacinas que constam do Plano Nacional de Vacinação, que sabemos ser um dos mais robustos da Europa."
Esta manhã, numa conferência de imprensa, tanto o diretor geral da Saúde como o ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes afastaram para já a hipótese de tornar as vacinas obrigatórias, sublinhando que a cobertura vacinal no país é elevada e não existem os movimentos de não vacinação que se verificam noutros países. Francisco George disse mesmo que o cenário nacional, com uma cobertura vacinal acima dos 95%, é motivo de inveja entre os seus homólogos. Adalberto Campos Fernandes sublinhou que o proibicionismo não é a norma nos países mais desenvolvidos da Europa. Já Marcelo Rebelo de Sousa salientou que só o espírito de solidariedade social, em que os pais vacinam os filhos para a segurança deles e de todas as outras crianças, permite ao Estado "não ter de recorrer a meios obrigatórios de intervenção".