O arrendamento de quartos não ficou alheio à subida de preços praticados no mercado imobiliário português e hoje é possível encontrar valores por quarto quase equiparados ao que se pagava há uns anos pelo arrendamento de um imóvel. E os números falam por si. A Uniplaces, plataforma online especializada em alojamento de estudantes universitários, revelou ao i que o preço do arrendamento de quarto em Lisboa subiu 10% no primeiro trimestre do ano face ao período homólogo, situando-se agora nos 355 euros. Já no Porto subiu 3%, fixando-se nos 268 euros.
E se até aqui o arrendamento de quartos se destinava quase exclusivamente a estudantes, agora, com o crescimento do turismo e do alojamento local, este mercado é também procurado por outras pessoas que já não estão a estudar mas que são confrontadas com o facto de não conseguirem pagar uma renda de casa.
A somar ao preço há que contar com outra novidade: o arrendamento partilhado, ou seja, em vez de pagar por quarto paga por cama, sendo “obrigado” a dividir o espaço com outras pessoas que não conhece.
O i fez uma ronda por vários sites que fazem promoção de quartos para arrendar e facilmente chegou à conclusão de que há ofertas para todos os gostos e preços e, por isso mesmo, não se espante se vir a mensagem: “Há um total de x camas neste quarto. Como este é um quarto partilhado, as outras camas podem ser reservadas por outras pessoas.”
A partir daí, o senhorio é que poderá fazer a escolha. É possível encontrar quartos partilhados só para homens ou só para mulheres. Ainda assim, há quem não faça essa distinção.
A verdade é que, para os senhorios, foi encontrada uma verdadeira mina de ouro. A fórmula é simples: quanto mais pessoas arrendarem um quarto, mais ganham no final do mês. E há em vários anúncios a obrigatoriedade de arrendar no mínimo por seis meses.
Mas vamos a números. Um quarto com oito camas em que são pedidos 200 euros para cada uma, ao final do mês, dá 1600 euros só por um quarto. A este é preciso somar o rendimento dos outros e basta ter quatro nesta modalidade para facilmente o senhorio arrecadar 6400 euros mensais.
A Uniplaces reconhece esta tendência de partilha, mas diz que, “por norma, os estudantes dão prevalência à privacidade em detrimento do preço, tirando alguns casos em que se verificam maiores dificuldades financeiras”, revela ao i. Daí defender que a procura por um quarto isolado é o comportamento de pesquisa mais comum.
Ganhar mais espaço
Há também situações em que se assiste ao “milagre” da multiplicação. O i sabe de casos em que o proprietário que tinha seis quartos a arrendar por 250 euros multiplicou-os por 16 – separando as divisões por paredes em pladur, os quartos ficaram com metade do tamanho, mas com o mesmo preço – e em vez de ter um rendimento mensal de 1500 euros passou a ter um total de três mil euros.
A verdade é que a procura continua a aumentar. A Uniplaces aponta para um aumento de 65% na procura de quartos em Lisboa face ao primeiro trimestre de 2016. Já a cidade do Porto cresceu 94%.