As vacinas não protegem só as crianças e devem ser um movimento ao longo da vida. É esta a mensagem que o Movimento Doentes pela Vacinação, que será lançado hoje pela Associação Respira, pretende levar nas próximas semanas a lares, centros de dia e juntas de freguesia do país, a começar por Lisboa e Porto. O objetivo é sensibilizar para a importância da vacinação antipneumocócica na idade adulta.
A vacina do Streptococcus pneumoniae previne a pneumonia e passou a fazer parte do esquema vacinal das crianças no primeiro ano de vida, mas também é recomendada a adultos em maior risco, como doentes cardíacos e respiratórios. Mais do que entraves económicos, já que a vacina até é gratuita em alguns casos, a associação defende que a falta de informação leva a que muitas pessoas não previnam a doença.
A iniciativa surge no âmbito da Semana Europeia de Vacinação, que está a ser assinalada por estes dias e tem como tema “as vacinas funcionam”. Isabel Saraiva, vice-presidente da Associação Respira – que representa pessoas com doenças respiratórias crónicas como Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) – defendeu ao i que é preciso mudar o “espírito” de que as vacinas são algo que protege apenas as crianças.
Numa altura em que o tema está de novo na ordem do dia com a discussão em torno da vacinação obrigatória dos mais novos, a economista, diagnosticada também com DPOC, sublinha que importa reforçar a adesão às recomendações de vacinação na idade adulta para prevenir, neste caso, uma doença que cada vez mata mais no país. “Em Portugal a cada 90 minutos morre uma pessoa com pneumonia. É o tempo de um jogo de futebol e são números impressionantes”, diz a dirigente associativa. De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2015 a pneumonia foi a causa de morte de 6126 pessoas, a grande maioria depois dos 80 anos. A doença matou mais 497 pessoas do que no ano anterior.
O movimento conta já com o apoio da Fundação Portuguesa do Pulmão e do Grupo de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e o objetivo é envolver outras associações de doentes. “Se perguntar a um adulto onde está o seu boletim de vacinas, muitos não sabem”, lamenta Isabel Saraiva.
Há duas vacinas disponíveis e os adultos só têm de fazer uma dose. Uma tem o custo de 12,61 euros nas farmácias e outra de 51,11 euros, mediante receita médica já que se trata de produtos comparticipados.
Alguns doentes com risco acrescido podem ser vacinados gratuitamente nos centros de saúde, como é o caso de pessoas imunocomprometidas, por exemplo portadores de VIH ou doentes com leucemia, linfoma ou mieloma múltiplo. Marta F. Reis