100 dias: Donald Trump, o “Aprendiz”, está contratado!

1. Avançamos, desde já, a conclusão: o balanço dos primeiros 100 dias do Presidente Trump é positivo. É necessário notar que Donald Trump chega à Casa Branca, após um verdadeiro terramoto na política norte-americana: os grupos especiais de interesses, a comunicação social que traiu os seus leitores em obediência à agenda política dos seus patrões,…

1. Avançamos, desde já, a conclusão: o balanço dos primeiros 100 dias do Presidente Trump é positivo. É necessário notar que Donald Trump chega à Casa Branca, após um verdadeiro terramoto na política norte-americana: os grupos especiais de interesses, a comunicação social que traiu os seus leitores em obediência à agenda política dos seus patrões, o Partido Democrata mais radical da história dos EUA entraram numa onde de verdadeira contestação da vontade democraticamente expressa pelos americanos. 

2.As convenções politicas que os próprios democratas foram forjando ao longo da existência da República norte-americana foram colocadas em causa pela elite ultra-progressista, após concluírem que Hillary Clinton havia perdido a eleição presidencial do ano transacto. Os democratas – como muitos republicanos – revelaram a sua verdadeira natureza democrática: o governo do povo, pelo povo e para o povo é muito bonito – desde que seja o governo que eles querem (ou que lhes seja conveniente). Da mesma forma que os americanos se uniram em torno de Obama, é tempo de se unirem em torno de Donald Trump. E a verdade é que os americanos (dando uma lição ao mundo) estão a fazê-lo…

3.Mas o povo americano falou: e falou no sentido de proceder a uma mudança política. Mudança política nas prioridades internas – e no posicionamento externo, pelo menos no papel que os EUA desempenham no plano internacional. Barack Obama foi o Presidente ícone dos progressistas: invocando a sua qualidade de afro-americano, propôs-se a liderar a promoção dos direitos das minorias (cada vez mais “maiorias”) raciais.

Presidente que se formara nos meios liberais de Chicago e de Harvard, assumiu o compromisso de lutar pelos direitos dos homossexuais e pela promoção dos direitos sociais, designadamente o direito à saúde. Conhecendo a realidade política europeia e as democracias latino-americanas, Barack Obama tentou implementar subtilmente, nos EUA, aquilo a que os conservadores apelidam de “Grande Sociedade” (Great Society), isto é, o anterior Presidente dos EUA tinha uma agenda declarada de alargamento do Estado a expensas da liberdade do indivíduo.

Sem nunca, no entanto, contestar ou hostilizar Wall Street ou os grandes grupos financeiros (há quem diga que Barack Obama era genuinamente mais à esquerda que Bernie Sanders, mas gostava da riqueza e do poder pelo poder e temia que os grandes grupos financeiros cessassem as suas contribuições avultadas a favor do Partido Democrata e às causas progressistas).

4.No entanto, a verdade é que as lutas raciais nos EUA intensificaram-se de novo nos anos (sobretudo do último mandato) Obama; a afirmação a um ritmo pouco cuidado e insensível às preocupações do povo americano dos direitos das minorias,  levou a uma contra-reacção de vários estados, conduzindo objectivamente a uma protecção mais débil dessas mesmas minorias; o plano de saúde gizada pela administração Obama gerou críticas até do próprio Bill Clinton e o crescimento das regulações e do papel do Estado na economia e na sociedade tornaram a economia americana menos ágil.

Isto para além da circunstância – de índole mais filosófica – de o americano médio desconfiar do Estado omnipresente e omnipotente.

Enfim, Barack Obama – que é um tipo genial, muito “porreiro” e uma óptima companhia para beber umas cervejas – tornou-se o rosto da elite política que quer transformar os EUA numa Europa contra a vontade do povo, que abomina essa transformação e exalta, com orgulho, os valores americanos.

5.Donde, a escolha lógica a seguir a Barack Obama seria alguém que se revelasse em sintonia com a vontade do povo americano – e contra a agenda política que a elite já reputava como inevitável. E Donald Trump foi brilhante na forma como promoveu a ruptura (na campanha) contra os poderes fácticos tradicionais que ditavam sistematicamente os vencedores das primárias dos dois partidos. Não houve apenas demérito de Hillary Clinton – houve mérito de Donald Trump na forma intuitiva e inteligente como explorou ao máximo as (escassas) hipóteses de vitória que teria à partida.

6.E como Presidente? No exercício das suas funções, mesmo aqueles que recusam sequer avaliar objectivamente (sem ódios, nem preconceitos) o desempenho de Donald Trump, têm de concordar num ponto: o Presidente Donald Trump tem revelado uma energia, uma actividade criadora e um desejo de afirmação da autoridade dos EUA como defensores da liberdade e da segurança mundiais como há muito não se via. Muito acima de George W. Bush e, em termos de mobilização, nem Barack Obama consegue igualar Donald Trump.

7.Como já escrevemos aqui no SOL, a América está a mexer-se de novo. America is moving again – Donald Trump reúne as virtudes de Richard Nixon e de Ronald Reagan, com uma personalidade electrizante que, apenas em 100 dias, já conseguiu pacificar os seus críticos e criar um clima de estabilidade – embora em ruptura com a agenda da europeização da elite progressista americana.

8.Há muito que não se sentia um dinamismo político tão intenso e fascinante como o que se vive na América de Donald Trump – afinal, há alternativa às soluções de sempre. Afinal, o excepcionalismo americano não está morto – Donald Trump ressuscitou-o.

8.Com a sua criatividade, com o seu apelo à força criadora do indivíduo, com o seu discurso de vitória e não mais o de “pedir desculpas” ao mundo –enfim, Donald Trump tem cumprido a sua promessa de “think big”. “Think America big” – e “America, Think big!”. Pensar a América em Grande – e pôr a América a pensar em grande.

9.De facto, em apenas 100 dias, Donald Trump já tomou iniciativas políticas que confirmam o caminho certo que está a trilhar para os EUA (e, logo, para o mundo):

1)Medidas que visam reforçar a segurança interna dos EUA, com o reforço da vigilância na sua fronteira sul e um controlo mais apertado quanto à entrada de pessoas oriundas de países (especialmente afectados pelo terrorismo) cujas autoridades não prestam informações à Administração americana previamente para efeitos de autorização da sua entrada em território dos EUA;

2) Donald Trump foi o primeiro Presidente que reconheceu expressamente a ameaça do terrorismo islâmico radical, prometendo acabar como Daesh – e agindo em conformidade na Síria, não deixando Al-Assad passar as linhas vermelhas traçadas pelo Presidente dos EUA (ou melhor, não deixando passar a linha de qualquer cor);

3) O Presidente Trump assumiu, desde cedo, o seu compromisso de reduzir o “Estado Administrativo”, eliminando licenças, licenciamentos inúteis e reduzindo o tempo de espera pela sua aprovação – desta forma, promove-se o empreendorismo e cria-se um ambiente de optimismo e confiança entre os agentes económicos. Isto para além do recentemente anunciado plano de redução fiscal para as empresas e para os trabalhadores americanos;

4) O Presidente Trump colocou definitivamente na agenda política internacional a ameaça enorme que é a Coreia do Norte. O mundo não pode continuar a tolerar um regime lunático como é o de Kim-Jong Un – e que pode destruir a Humanidade em curtíssimo lapso de tempo. Perante loucos e bárbaros, o método de “paciência estratégica” não resulta – bastaria um momento de loucura extrema ou de psicopatia de Kim-jong Un para que Nações inteiras fossem varridas do mapa. Donald Trump deu um sinal claro de que os EUA não tolerarão mais as aventuras do regime comunista- lunático-sociopata de Jong Un;

5) O Presidente Trump, finalmente, já começou executar a sua política de incentivos para a fixação dos centros de produção das empresas norte-americanas em território norte-americano: assim, pretende-se criar mais postos de trabalho para os americanos, evitando-se que estes sejam remetidos para o desemprego (o qual tem afectado comunidades inteiras em estados como o Ohio, Pennsylvania, Wisconsin ou o Michigan).

10.E muito mais haveria a dizer. Por hoje, fiquemos por aqui: o que o Presidente Donald Trump já fez em 100 dias – não cabe em 100 linhas. Mesmo os que alinharam nas teorias do “Never Trump”, antevendo a queda rápida e ruidosa do Presidente dos EUA – por esta hora, já devem reconhecer mérito a Donald…

11.Quanto à maior dificuldade revelada pelo Presidente Donald Trump, esta prende-se com a dificuldade em se adaptar a certas regras ou convenções políticas. Ao jogo político que, em certos aspectos, é totalmente diferente do “jogo empresarial”. Compreende-se: Donald Trump ainda é um aprendiz político.

12.Donald Trump, the “Political Apprentice”. Todavia, até ao momento, “Donald, you’re not fired”! Pelo contrário, you’re hired! Está contratado para Presidente dos EUA e do mundo livre.

joaolemosesteves@gmail.com