Marine Le Pen continua a jogar todos os trunfos para reduzir o terreno que a separa de Emmanuel Macron nas intenções de voto para a segunda volta das presidenciais. A candidata da Frente Nacional tem estado ao ataque e as sondagens mostram que, nos últimos dias, tem conseguido aproximar-se de Macron.
No dia 20 de abril, Macron contava com 65% dos votos dos inquiridos mas, esta quarta-feira, a percentagem tinha baixado para 60%. Ontem, apenas um dia depois, as sondagens diárias da OpinionWay mostravam uma nova descida: Macron já só contava com 59% das intenções de voto.
No início da semana, Marine Le Pen, em entrevista à TF1, voltava a sublinhar vários tópicos como o da imigração. “Todos os anos aceitamos 200 mil estrangeiros. Para que empregos? Para os alojarmos onde? Se não pusermos travão a isto, o nosso sistema de segurança social vai desmoronar-se”, defendeu a candidata da Frente Nacional, acrescentando que entende ser importante sublinhar que a União Europeia significa, para França, a perda anual de nove mil milhões de euros.
A entrevista de Marine Le Pen conduziu a um trabalho do “Le Monde” que falava em “afirmações falsas e alusões duvidosas”. A publicação francesa destacou mesmo o facto de Marine Le Pen fazer “lembrar a campanha de Donald Trump” e procurou desmascarar vários pontos, como, por exemplo, o peso da União Europeia nas contas do país. Isto porque, de acordo com o Parlamento Europeu, a contribuição líquida de França para a União Europeia é de 4,5 mil milhões.
No entanto, os pontos que acabaram por ser analisados e desconstruídos pelos jornalistas do diário francês não parecem ter mudado o aumento de popularidade de Marine Le Pen.
Também uma pesquisa feita pelo Elabe, divulgada ontem, mostra que 43% dos eleitores avaliam positivamente a campanha feita por Macron desde a vitória de 23 de abril. Já em relação a Marine Le Pen, 50% aprovam o que tem feito desde então.
O estudo mostra ainda que apenas 31% dos franceses se mostram satisfeitos com a escolha de Macron e Marine Le Pen. Prova disso é o facto de, ontem, Paris ter sido palco de protestos contra os resultados das eleições.
Protestos contra Macron e Le Pen
Centenas de jovens mostram descontentamento por não se identificarem com nenhum dos candidatos. “Nem Marine nem Macron, nem pátria nem patrão”, foi uma das frases que mais marcaram o dia de protestos. Várias escolas acabaram por ser bloqueadas e houve mesmo momentos de maior tensão, depois de os manifestantes terem começado a arremessar pedras à polícia, que acabou por usar gás lacrimogéneo.
Esta não é, no entanto, a primeira vez que França se torna palco de protestos. O descontentamento chegou às ruas de várias cidades logo no rescaldo das eleições que conduziram Marine Le Pen e Emmanuel Macron a uma segunda volta.