É assim. A guerra foi perdida, e enquanto surgiu uma nova-classe de super-ricos, a classe média viu o seu poder de compra diminuir, e as dificuldades da classe baixa agravam-se.
E se isto é o que se passa no mundo, em Portugal não fio diferente. Aliás. Em termos de desigualdades, Portugal nem é bem um país da Europa Ocidental, estando bastante mais perto dos Estados Unidos.
Como se explica esta situação? A meu ver, de três maneiras. Em primeiro lugar. Como me respondeu o Prof Daniel Bessa, “Em Portugal as margens sobre os salários são maiores”, o que quer dizer que os salários são mais pequenos em relação às margens de lucro.
Em segundo lugar, temos um sindicalismo retrógrado, muitas vezes sem amor à verdade, composto por maniqueístas que se preocupam unicamente com a defesa dos seus associados, não se preocupando minimamente com os danos que causam a dezenas de milhar de pessoas.
Por último: os desempregados não se sentam à mesa das negociações salariais. Se se sentassem, podiam aceitar trabalhar por menos dinheiro, desde que ganhassem algum.
A maneira mais eficaz para combater a desigualdade continua a ser a de aumentar os impostos para os escalões mais elevados de rendimento, e simultaneamente de subir as compensações para os escalões mais baixos, o que pode até passar, no fim, por um imposto negativo: o Estado dar dinheiro a quem ganha menos. Agora, como o debate é feito em Portugal, com sindicatos esclerosados e associações patronais por vezes um pouco limitadas, e igualmente intransigentes, não vamos lá