O risco de um atentado terrorista durante a visita do Papa é uma das maiores preocupações das autoridades.
O Santuário de Fátima vai montar blocos de cimento nas ruas para evitar atentados com recurso a automóveis, autocarros ou camiões, como os de Nice, Berlim e Estocolmo. A notícia foi dada à Rádio Renascença pelo presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Humberto Silva. “Vai haver barras em cimento para não acontecerem casos como os de Nice. Estamos numa operação diferente, é uma peregrinação diferente. Com os casos que têm acontecido por esse mundo fora, tem de haver mais cuidado e rigor. Já é o quarto Papa que recebo na minha terra. É a primeira vez que vamos usar ‘new jerseys’ [blocos em cimento] em vários pontos fulcrais da cidade”, afirmou o presidente da junta à RR, recusando-se a revelar os locais onde as barras serão instaladas.
Nos últimos nove meses aconteceram quatro grandes atentados terroristas com recurso a veículos. O último foi em abril, em Estocolmo, capital da Suécia, depois de acontecimentos similares terem acontecido em Nice, Berlim e Londres (neste caso, só com um simples jipe).
O presidente da Junta de Freguesia de Fátima diz que há um clima de ansiedade. “Prevê-se a vinda de um milhão de pessoas, o que, numa cidade que só tem 17 hectares, não é fácil. Os moradores e quem tem cá os seus comércios estão um pouco ansiosos, por causa dos funcionários e do estacionamento dos carros”, afirma.
A autarquia tenta acalmar essa ansiedade, pelo menos no que aos transportes diz respeito. O presidente da junta de freguesia afirma que existe uma linha de transfers montada. “São 83 autocarros que vão andar permanentemente a circular em várias artérias da freguesia e que vão ter a dois pontos fulcrais do centro da cidade. Não se paga nada. As pessoas podem deixar os carros estacionados a quatro ou a seis quilómetros. Vêm no autocarro de manhã, podem voltar à tarde. Há autocarros sempre a passar”, diz.
Segundo a página oficial do Papa Francisco, cerca de 1500 profissionais da informação pediram acreditação oficial para poderem cobrir a visita do Papa a Fátima. “Os pedidos são provenientes de países como Argentina, Nova Zelândia, Turquia, Rússia, Guatemala, Costa Rica, Costa do Marfim, Angola, Venezuela, Paquistão, Austrália, Filipinas, Japão, entre outros”, pode ler-se no site.
No dia 13 de maio – já só falta pouco mais de uma semana –, o Papa Francisco vai presidir à cerimónia de canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto. A cerimónia vai decorrer toda em língua portuguesa.
É a primeira que o Papa Francisco – que tem em Portugal elevada popularidade, assim como em quase todo o mundo de cultura católica – visita Portugal. O último Papa a vir a Portugal foi Bento xvi, agora Papa emérito, em 2010.
João Paulo ii – que tal como Francisco tinha muita popularidade e fez inúmeras viagens, mesmo quando já tinha a saúde debilitada – visitou Portugal por três vezes. A primeira foi em 1982, pouco tempo depois de ter sido nomeado. A segunda foi em 1991 e a terceira no ano 2000.
Paulo vi visitou Portugal – e, tal como Francisco, apenas Fátima – em 1967, quando Portugal ainda vivia em ditadura e mantinha em África a guerra colonial, e o Vaticano já dialogava com os movimentos anticolonialistas. Francisco é quarto Papa a visitar Fátima.