Maria de Belém Roseira. “Penso que as mães valem por elas próprias”

Excluindo as comemorações do Dia da Mãe associadas a iniciativas religiosas, que já existiam na antiguidade clássica, e que respeito mas considero já não se ajustarem aos dias de hoje, aquela que realmente me toca é a que foi reivindicada em meados do século XIX, por Ann Jarvis, nos Estados Unidos, com o objetivo de…

Penso que as mães valem por elas próprias e não necessitam de datas que as elogiem ou promovam em termos pessoais.

Precisam, sim, de datas que promovam a resolução dos problemas com que se debatem as mães que não têm meios nem influência para o conseguir. Considero que lutar por melhores condições para a saúde dos seus filhos é um objetivo mobilizador e essa luta ainda faz sentido na maioria dos países do mundo, entre os quais se encontram os mais populosos.

Mas, pessoalmente, não me diz nada um dia que se comemora, sem sentido e sem carga simbólica, apenas por razões comerciais, como hoje em dia acontece. Basta ver os apelos publicitários que se fazem sentir em todo o lado e através dos media, mal a data estabelecida se aproxima. Considero muito negativo que se exerçam pressões para que tudo se esgote numa compra, tantas vezes inoportuna, desnecessária, inútil ou mesmo inconveniente, só porque é preciso oferecer o que quer que seja para satisfazer uma convenção social que não tem sentido nem propósito a não ser o de aumentar o consumismo. Pior ainda: o facto de se instilar na cabeça das pessoas que esse ato é indispensável sob pena de não se fazer o que se deve! 

Celebrar a grandiosidade do estatuto de “Mãe”, para mim, terá de ser algo bastante mais profundo que se alicerça no mais íntimo do nosso ser em termos de respeito e consideração e que se pratica não através de prendas circunstanciais mas através de atos concretos, reais e vividos, sempre que nos exprimimos na  essência da relação com a nossa Mãe ou no respeito por todas aquelas que são verdadeiramente Mães, mesmo que não tenham filhos biológicos.
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