Emmanuel Macron prometeu um governo reduzido com um elenco que respeite a paridade entre homens e mulheres. E isso vai complicar muito a margem que terá para escolher os seus ministros. Mas ainda há maior incógnita: saber quem será o seu primeiro-ministro. Macron diz que tem em mente “um ou dois perfis”, mas até agora ainda ninguém percebeu de quem se poderá tratar.
Macron quer que o seu governo tenha uma marca de renovação, uma marca que condiga com o candidato anti-sistema que tentou parecer ser na primeira volta das presidenciais. Por isso, anunciou durante a campanha algumas medidas sobre a composição do elenco governativo que podem agora ser uma dor de cabeça suplementar na hora de formar o executivo.
Promessas difíceis
O ex-ministro da Economia prometeu aos franceses que teria um governo com apenas 15 ministros e com secretários de Estado sem qualquer poder executivo que não o de representar os seus ministros na Assembleia Nacional e no Senado para discutir as medidas desenhadas no governo com os parlamentares.
Isto significa que terá de escolher ministro com capacidade para estarem à frente de supre-ministérios e secretários de Estado que assumam este papel pouco interventivo.
Além disso, prometeu paridade. Macron assegurou que o seu executivo terá igual número de homens e mulheres e isso implica mais um constrangimento na hora de fazer escolhas. Sobretudo, porque os elementos mais visíveis e numerosos do seu movimento En Marche! são homens.
Depois, há pergunta que todos se fazem e na qual poucos ousarão avançar com apostas: quem será o próximo primeiro-ministro francês?
Macron disse na semana passada ter “um ou dois perfis em mente”, um homem e uma mulher. Mas o jornal Le Monde assume que é difícil perceber quem poderão ser.
Nomes descartados
Um dos nomes equacionados é o do antigo ministro centrista Jean-Louis Borloo, que declarou apoio a Macron a 30 de abril. Mas o Le Monde acaba por afastar essa hipótese, contando que o ex-presidente da União dos Democratas e Independentes não se conseguiram entender. É que Borloo é um homem ligado aos aparelhos partidários e Macron recusa qualquer tipo de arranjos de lugares com partidos.
Laurence Parisot, antiga presidente da organização representativa do patronato a MEDEF, era outra possibilidade avançada pela imprensa francesa.
Parisot chegou mesmo a afirmar ao semanário Marianne que estava “disponível para fazer coisas”, sublinhando ter “experiência” e “credibilidade” para assumir responsabilidades, mas segundo o Le Monde Laurence acabaria por acusar a revista de ter feito um título “abusivo” depois de a entourage de Macron ter reagido mal à disponibilidade publicamente anunciada.
Apesar do apoio que lhe foi dado por Manuel Valls, Macron também já afastou a hipótese de chamar o ex-primeiro ministro para liderar o seu executivo.
É possível que os franceses tenham de esperar uma semana para desvendar o ministério do governo de Macron.