A “guerra” continua no mercado da eletricidade e podem ter acesso a descontos na fatura final tanto os consumidores que ainda continuam no mercado regulado, que ultrapassam mais de um milhão de clientes e que no início deste ano foram sujeitos a um aumento de 1,2%, como aqueles que já estão no mercado livre e que, para isso, basta mudarem de comercializador de luz.
A EDP, que lançou recentemente a fatura interativa – que vai permitir aos clientes consultar os dados do consumo e do seu contrato, mas também fazer alterações no serviço ou comunicar logo as leituras – continua a oferecer descontos de até 5% no gás natural e 2% na eletricidade sobre o total da fatura desde que os clientes optem pelos dois serviços e em débito direto.
A empresa garante que a sua oferta comercial é competitiva do lado do preço, considerando todo o pacote de serviços oferecido aos clientes, não estando a prever para já avançar com nenhuma alteração da sua política comercial que passe por uma descida dos preços, com exceção de oferta pontuais. A elétrica lembra ainda que o desconto depende de muitas coisas, dando como exemplo a opção por débito direto que custa apenas à empresa dois a três cêntimos por operação, contra cerca de 40 cêntimos que custa a cobrança por multibanco.
A elétrica diz que “a política de descontos da EDP pauta-se pela simplicidade e transparência para o cliente. Por isso, todos os descontos comunicados incidem sobre o total da fatura (excluindo taxas e impostos ) e de forma imediata”, revela ao i.
A espanhola Endesa também oferece descontos que podem atingir os 12% se optar pelo fornecimento de luz e gás ou até 10% se preferir apenas luz, mas para isso terá de aderir à campanha até ao final do mês de junho. No entanto para ter acesso pleno a esta oferta precisa de respeitar alguns critérios: 2% para sempre, 6% adicional durante 12 meses (se contratar antes do dia 30 de junho de 2017), 1% adicional para sempre, se aderir ao débito direto e 1% adicional para sempre, se aderir à fatura digital.
A Galp aposta na oferta Plano Energia³ que junta eletricidade, gás natural, gás de botija e combustível. Oferece descontos até 40% nos termos fixos da eletricidade e do gás natural, de 5% na aquisição de gás de botija e de 12 cêntimos em cada litro de combustível.
No entanto, a poupança é indireta. O desconto é atribuído através de um cupão que chega com a fatura mensal de energia, e que deve ser levado a uma loja Continente no prazo de um mês para ser creditado no cartão. O desconto só fica disponível no dia seguinte, tal como quando fazemos compras. Além disso, o desconto tem de ser obrigatoriamente usado nas lojas Continente e suas associadas.
Mas nem tudo são vantagens. O cliente deve ter em atenção o preço sobre o qual incide o desconto comunicado e em que componentes da fatura. A explicação é simples: muitas ofertas apostam e, descontos elevados, no entanto, estes têm por base um preço mais alto do que os valores praticados por outras empresas concorrentes.
Além disso, para beneficiar destas promoções, na maioria das vezes, os clientes não podem ter acesso às tarifas bi-horárias ou tri-horárias. E a verdade é que para um cliente com um consumo médio as tarifas bi-horárias continuam a ser mais compensadoras do ponto de vista económico.
Não se esqueça que, ao optar por uma tarifa simples (paga sempre o mesmo pela energia), bi-horária ou tri-horária (a energia tem 2 ou 3 preços, conforme a hora e o dia). Essas tarifas funcionam como incentivadores de mudança de hábitos de consumo para alturas mais equilibradas. São considerados três períodos: horas de vazio, que correspondem a horários com menor procura de eletricidade, horas fora do vazio (ou de cheio, quando falamos da tarifa tri-horária), que são os períodos não incluídos no horário de vazio e horas de ponta, aplicáveis a quem tem a tarifa tri-horária; correspondem ao período onde se concentra a maior procura na rede elétrica.
Mudança
A aprovação de uma lei que retira à REN e à EDP a responsabilidade da mudança de operador vai fazer com que a partir deste ano seja mais fácil mudar de fornecedor de luz. Vai ser possível mudar de comercializador de eletricidade e de gás através de uma plataforma independente assegurada pelo Estado e chamada “Poupa Energia”.
A transição será feita de forma progressiva. Até ao verão será disponibilizada toda a informação sobre o mercado e, numa segunda fase, a ADENE – Agência para a Energia, vai implementar o novo sistema.
No entanto, no último trimestre já será possível simular o perfil de consumo para escolher a melhor opção e também iniciar a mudança de comercializador. O governo espera que a nova plataforma permita aumentar a concorrência, baixar os preços no mercado e promover um consumo mais racional de gás e eletricidade.
Fim das tarifas reguladas adiadas
Para o caso de ainda não ter mudado para o mercado livre de eletricidade, saiba que tem mais tempo para o fazer. O prazo estava previsto terminar no final de dezembro deste ano mas, mais uma vez, voltou a ser estendido até 31 de dezembro de 2020. “O novo calendário concede às famílias portuguesas, que ainda não mudaram para o mercado liberalizado, mais três anos para poderem escolher um comercializador que pratique um regime de preço livres”, esclareceu o ministério da Economia.
Segundo os dados do ministério, há ainda 1,3 milhões de consumidores no mercado regulado, num total de pouco mais de seis milhões de consumidores domésticos.