Outro presidente, que pediu igualmente o anonimato, confessa ter já avançado com uma queixa-crime na Polícia, depois de ter sido ameaçado por dirigentes do Canelas: «Disseram-me que me iam apanhar e que não iam desistir enquanto eu não deixasse de ser presidente do meu clube. Isto, à frente da Polícia! Que não faz nada, porque também está intimidada. Se eles não subirem, vamos tentar alterar o regulamento para nos podermos recusar a jogar contra eles. Quando uma equipa joga meia-dúzia de jogos e se vai tornar campeã, alguma coisa se passa… Na época passada, cerca de 90 por cento dos árbitros fizeram boicote aos jogos deles. O único que não se recusou a apitar foi agredido aos dois minutos. Antes desse jogo, o presidente do Rio Tinto estava reunido com mais alguns presidentes e durante a reunião mostrou mensagens que o seu treinador estava a receber com ameaças. Uma semana antes do jogo! Às vezes é mesmo no túnel, dizem isto aos árbitros: ‘Olha que tens família. A tua mulher não trabalha no sítio tal e tal, os teus filhos não andam na escola tal e tal?’. E com os adversários é igual: se calham a sofrer uma entrada mais dura, partem logo para a ameaça: ‘Da próxima vez parto-te uma perna’. E o jogador, na jogada seguinte, já não põe o pé, obviamente. Com o Canelas, os jogadores não dão tudo por tudo, correm menos, quando vão aos lances não vão com tudo porque vão com medo de ser agredidos. Não jogam a 100 por cento, jogam a 30 ou 20».
Canelas 2010. A Polícia também tem medo
O SOL recolheu ainda depoimentos de três presidentes de clubes que defrontaram esta temporada o Canelas. Todos alinham pelo mesmo diapasão: a verdade desportiva está seriamente comprometida na Divisão de Elite da AF Porto.