Dante Maria sobressai no meio da multidão que se protege da chuva à porta da Basílica de Nossa Senhora de Fátima. Barba comprida, sandálias. «É a regra dos franciscanos», conta. «Também não temos telemóvel». E os fones nos ouvidos? «São para ouvir a guia do grupo», sorri. Tem 59 anos e pertence a um convento franciscano em Bolonha, Itália, um comunidade de 50 irmãos sem ligação à internet e que vive da «previdência». Se são muitos os motivos que trazem os peregrinos a Fátima, para ele o principal é Jacinta. Foi ela que, no ano 2000, o ajudou a seguir a vocação, partilha.
Natural de Mântua, até aos 44 anos trabalhava em floricultura. Era católico praticante, mas nunca tinha pensado em dedicar-se à vida religiosa. Numa peregrinação à Terra Santa, conheceu um franciscano que o desafiou a mudar de vida.
No ano 2000, ainda com a decisão tremida, rezou a Jacinta, que ia ser beatificada. «Foi ela que me deu o meu sim interior». Tem vivido como frade desde então, a vida simples de Francisco de Assis. Quando diz como se chama, só pensamos no Inferno de Dante Alighieri. «Eu é mais o paraíso», despede-se.