Turismo de golfe com ano recorde

No ano passado este setor atingiu o melhor ano de sempre e quer repetir o mesmo em 2017. Já representa 350 milhões do volume de negócios e quer ajudar a combater a sazonalidade.

O turismo de golfe tem vindo a ganhar cada vez mais peso e atingiu em 2016 o melhor ano de sempre. A ideia é continuar a crescer e voltar a superar em 2017 os números do ano anterior. As estatísticas mais recentes apontam para cerca de 1,2 milhões de voltas por ano, o que, direta e indiretamente, representa cerca de 350 milhões de euros de volume de negócios, revela ao SOL a Federação Portuguesa de Golfe.

Feitas as contas, o golfe representa cerca de 5% do volume de negócios total do turismo. No entanto, a sua importância ganha um novo relevo em determinados períodos do ano, nomeadamente na época baixa, em que o seu impacto chega a ultrapassar os 40%. «É um segmento crítico para a sustentabilidade do setor e das suas empresas e contribui de forma decisiva para o alisamento da sazonalidade», revela a entidade.

A verdade é que esta tem sido uma das preocupações do setor, com o combate à sazonalidade a estar na ordem do dia não só para os hoteleiros como também para o próprio Governo. A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, durante a apresentação da nova estratégia para o setor até 2027, afirmou que só com mais turismo ao longo do ano é possível  existirem  «empregos qualificados e sustentados» e evitar, por exemplo, que haja despedimentos em massa em outubro, após a época balnear.

A Federação de Golfe lembra ainda  que o Algarve é, juntamente com o Sul de Espanha, o principal destino turístico de golfe da Europa. «Ano após ano tem vindo a vencer distinções internacionais como melhor destino de golfe, pois à quantidade e qualidade dos seus campos de golfe junta a capacidade hoteleira de elevado nível e toda uma logística de referência associada às operações de golfe, com aeroporto e ligações aéreas, transferes, animação e restauração adequadas», refere ao SOL, o CEO do grupo NAU Hotels & Resorts, Mário Ferreira.

No entanto, o responsável chama a atenção para os preços praticados, em parte por ser considerado um produto de luxo, o que acaba por encarecer o preço final. E Mário Ferreira dá exemplos: os meses fortes de ocupação são os de época baixa ou intermédia e só não atinge maior expressão de novembro a fevereiro porque os preços praticados para concorrer com Espanha e Turquia seriam «claramente ruinosos».

«O negócio que conseguimos neste período deve-se à qualidade do nosso produto, a clientes fiéis, e aos residentes estrangeiros no Algarve», salienta.

 

Oferta domina no Algarve

A principal oferta está no Algarve, com cerca de 40 campos num relativamente reduzido espaço territorial. Mas a zona da Grande Lisboa – que inclui Setúbal, Cascais e o Oeste – oferece campos de qualidade, embora a maiores distâncias uns dos outros.

Daí o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve já ter alertado para a importância do golfe no desenvolvimento económico e turístico do Algarve. «Não só para a captação de novos investimentos, nomeadamente em matéria de turismo residencial, como para o alargamento dos fatores de atração e realização económica e turística da região, devendo ser entendidos numa perspetiva mais global, consubstanciada na qualificação, desenvolvimento e sustentabilidade da produção estruturada do turismo algarvio», revela.

Em relação ao perfil do turista de golfe, Mário Ferreira diz que é simples de caracterizar: homens e mulheres, oriundos de países com invernos duros e difíceis que os impede de jogar no seu país grande parte do ano.

Os principais mercados são o Reino Unido – com mais de 35% -, a Irlanda, a Alemanha, a Holanda e todos os países Escandinavos. A França começa a ser igualmente um mercado interessante.

«Os perfis mudam conforme as nacionalidades. Os britânicos e irlandeses vêm em grupos de homens e procuram golfe e diversão noturna, inclusive privilegiando alojamento perto de áreas de entretenimento», diz o CEO do grupo NAU Hotels & Resorts, acrescentando ainda que «os restantes, em especial os escandinavos, vêm em casal, em grupos acompanhados do seu profissional de clube, muitas vezes em estadias longas de 3 ou mais semanas, e procuram treinar e jogar».

Os desafios da Federação Portuguesa de Golfe passam por aumentar o número de jogadores em 23% até 2018.