O negócio do alojamento local tem vindo a crescer em Portugal, principalmente nas grandes cidades como Lisboa e Porto, mas nem sempre é tão rentável como aparenta ser. A “Proteste” fez as contas para saber se é um negócio que compensa ou não. Calculou a taxa de rentabilidade para projetos em Lisboa e no Porto por um período de 15 anos – no final desse prazo, o imóvel seria vendido pelo mesmo preço da compra – e o ano em que se atingiria o lucro para o investimento, e os resultados a que chegou não foram animadores. “A média do rendimento anual obtido em todos os cenários que construímos resultou em 6051 euros anuais, ou seja, 504 euros por mês, o que é claramente insuficiente”, salienta a publicação.
Ainda assim, mesmo para quem pretenda avançar com o investimento apesar do cenário desanimador, a revista conclui que só se verá lucro ao fim de 18 anos. “Isso no mínimo, porque o cenário pode ser ainda mais catastrófico e não se recuperar o capital investido.”
A verdade é que o cenário poderá mudar se já tiver um imóvel e, neste caso, não necessita de fazer um investimento na aquisição. E também aqui a “Proteste” fez as contas. Considerando um imóvel de 100 mil euros e a necessidade de investimento de 7500 euros em obras e mobiliário, assumindo custos correntes anuais de 3400 euros, uma taxa de ocupação na ordem dos 30%, um preço médio de 60 euros por cada dia arrendado e recorrendo a uma plataforma para colocar o anúncio, terá ao final do quarto ano um lucro de 3030 euros. “A taxa de rentabilidade ficaria em 2,2%. Este valor fica abaixo dos 5% que são considerados como rentabilidade mínima exigida para investir em arrendamento”, afirma.
E a revista deixa um recado: “Não deverá investir em alojamento local tendo em conta os baixos retornos obtidos e o elevado investimento. Não recorra a crédito bancário para entrar neste negócio.”
Além disso, para tomar uma decisão a longo prazo tem de contar ainda com a incerteza fiscal. É o caso, por exemplo, da alteração da tributação sobre as receitas, que passou de 15 para 35%, assim como a instabilidade judicial. “É o caso da recente deliberação (maio de 2016) do acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, que deu razão a uma assembleia de condóminos que proibiu a prática de alojamento local numa fração, e que será um revés neste tipo de negócios, gerando incerteza na altura de investir”, alertou a publicação.