1.Um bom trimestre. 2.8% foi o crescimento do produto no primeiro trimestre de 2017 quando comparado com o primeiro trimestre do ano passado. Não só cresceu como acelerou comparado com o último trimestre de 2016. Boas notícias, portanto, para o Governo mas sobretudo para os portugueses. Tão boas que nem a oposição pode deixar de as reconhecer. É legítimo que o Governo retire daqui dividendos políticos. Só alguns eternos céticos fugiram ao coro encomiástico. Duas questões são pertinentes. São estes resultados uma confirmação da justeza da política económica do Governo de reposição do rendimento das famílias e de estímulo à procura interna? É certamente cedo para um juízo definitivo, mas pelo que se sabe o muito bom comportamento da economia neste trimestre ficou a dever-se ao excelente desempenho das exportações e não ao consumo das famílas. A segunda questão é mais decisiva: é este crescimento para durar ou assistiremos, como tantas vezes no passado, ao seu colapso abrupto (geralmente por insolvência do Estado ou dos particulares)? Oxalá me engane, mas suspeito que estejamos de novo perante um ‘fogacho’ e não perante o início de um período de alguns anos de crescimento robusto. As modéstia das perspectivas de crescimento a médio prazo confirma-o (1,3% de 2017 a 2021, de acordo com o FMI, com o desemprego a cair muito lentamente). As razões do pessimismo são circunstanciais, admito, do tipo, «nada de fundamental mudou» na economia. Em particular, a produtividade (que é a principal determinante do nível de vida sustentável) continua a crescer muito pouco. E, no topo, temos agora um sistema bancário paralisado pelo crédito malparado onde bancos zombie sustentam empresas zombie.
2. A mais longa nota de suicídio. O manifesto eleitoral dos Trabalhistas ingleses rivaliza com aquele que Michael Foot apresentou em 1983. Mais despesa, mais impostos e o regresso das nacionalizações. Só falta, mesmo, o «desarmamento unilateral». Corbyn, tal como Foot, será estrondosamente derrotado. Michael Foot demitiu-se depois da derrota mas a influência do seu manifesto perdurou mais de uma década. O mesmo se passará com a presente deriva esquerdista.