Michel Temer agarra-se como pode à presidência do Brasil e por lá se mantém. Mas já estão em marcha planos para o futuro do país sem o atual presidente, concebidos por três das maiores forças políticas do país.
Segundo a “Folha de São Paulo”, os antigos presidentes Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e José Sarney (PMDB) têm liderado, nos últimos dias, as conversas informais entre os partidos com vista à procura de um consenso para a formação de um novo governo, no caso de Temer cair.
Lula e o seu partido defendem a realização de eleições diretas – que facilitariam o seu regresso à presidência –, ao passo que os outros dois ex-chefes de Estados se mantêm favoráveis às eleições indiretas, tal como previsto na Constituição brasileira, em caso de renúncia ou perda de mandato do presidente. Este modelo eleitoral pressupõe que, se Temer for afastado do cargo, serão os 513 deputados e os 81 senadores do Congresso a escolher o seu sucessor, passados 30 dias.
Face a este cenário, PMDB e PSDB sugerem Nelson Jobim para o cargo de presidente e Tasso Jereissati para a vice-presidência, mas estes nomes continuam a merecer oposição do PT, mesmo tendo em conta que Jobim foi ministro de Dilma Rousseff e de Lula da Silva. De qualquer forma, o ex-presidente petista não fecha portas ao diálogo e continua empenhado em participar na procura de uma solução. Henrique Meirelles, Rodrigo Maia e Cármen Lúcia são outros nomes apontados pela comunicação social brasileira como estando no centro do debate interpartidário liderado pelos três ex-presidentes.
As probabilidades da abertura de um processo de impeachment a Michel Temer, tendo em conta a abertura das investigações sobre a alegada prática de três crimes, no âmbito das revelações trazidas pelo acordo entre o empresário Joesley Batista e a justiça, são cada vez maiores. Ontem à tarde foi a vez de a Ordem dos Advogados do Brasil entregar à Câmara dos Deputados um parecer jurídico favorável ao pedido de destituição do presidente.