O atentado de Manchester levado a cabo por um jovem suicida que, supostamente, transportava consigo um sofisticado cinto suicida sensibilizou ainda mais a opinião pública por serem crianças e adolescentes o alvo do terrorista. Ainda não se sabe se Salman Abedi levava colado ao corpo os explosivos ou se os tinha numa mochila, acionando o dispositivo depois de ligar o detonador que levaria na mão. Certo é que Abedi já tinha estado no radar das forças policiais que o classificaram como «figura periférica», ignorando as viagens recentes deste à Síria e à Líbia, de onde era originária a família, que fugiu há décadas ao regime de Khadafi. Os pais de Salman encontraram abrigo na Grã-Bretanha, onde acabaria por nascer há 22 anos Salman Abedi.
À semelhança de outros atentados ocorridos na Europa nos últimos dois anos, também o de Manchester foi levado a cabo por um cidadão com passaporte do velho continente. O que levanta outra questão pertinente: se praticamente todos os terroristas que espalharam o terror pela Europa tinham ficha policial como é possível evitar que novos atentados ocorram -atendendo a que as polícias sabem quem são os potenciais terroristas e estes estão em liberdade? Não sendo possível prendê-los a todos injustificadamente quem terá então o papel preventivo? Se não forem as comunidades onde estão inseridos a denunciá-los restará outra saída aos sucessivos governos que não seja prendê-los?
O caso da família de Abedi é ainda mais chocante atendendo ao facto de terem sido recebidos pelos ingleses quando se tornaram refugiados de guerra. Fugiram de Khadafi, foram bem tratados e como agradecimento matam 22 pessoas, na sua maioria crianças e adolescentes. Haverá alguém que possa resistir a tal filosofia de vida?
Mas o crime hediondo de Salman veio abrir outra guerra: a das informações. Os ingleses não gostaram mesmo nada de verem fotos do engenho explosivo publicadas no New York Times, depois de as terem enviado para os responsáveis policiais americanos. As autoridades inglesas anunciaram mesmo que vão suspender a colaboração com os americanos já que, alegam, a divulgação das mesmas pode pôr em causa a investigação. sendo assim, onde iremos parar se nem as forças policiais se conseguem entender numa matéria tão sensível como o terrorismo? É assustador.