Entornou-se o caldo entre a direção nacional do CDS-PP e uma das estruturas locais do partido.
Sobre as eleições autárquicas deste ano, o Largo do Caldas e a concelhia do CDS/Espinho parecem ter rompido de vez.
André Levi, presidente da concelhia local, afirmou ontem que Assunção Cristas vinha apresentar uma candidatura à Câmara Municipal de Espinho sem ser “convidada”.
“Que ninguém confunda”, pediu Levi, “Assunção Cristas não foi convidada pelo CDS-PP Espinho a vir cá, nem a concelhia tem nada que ver com a candidatura em causa.”
Na opinião do dirigente local, “Assunção Cristas empresta o seu nome a uma candidatura má e ilegítima que só aconteceu por causa de intrigas partidárias e ambições pessoais”, e “não por causa de Espinho”.
“Golpistas”, atirou, finalmente.
Raul Almeida, conselheiro nacional do partido e antigo deputado parlamentar, reagiu evocando “um CDS que respeite os procedimentos legítimos das estruturas legalmente eleitas, a democraticidade interna e as saudáveis diferenças de opinião”.
Michael Seufert, também ex-deputado mas bem menos crítico que Almeida em relação à liderança de Cristas, escreveu mesmo: “Li aqui uma vez que te disseram [a Levi] que tinha de ceder o interesse de Espinho ao interesse do partido – frase digna das guerras que agora envolvem Arnaldo Matos. Mas suponho que, ainda assim, a coisa fosse suportável, que não estivesse em causa uma apedeuta deste jaez.”
A candidata em questão, Joana Soares, não é do agrado da concelhia, que acusa a direção de Assunção Cristas de a impor passando por cima das estruturas locais.
“Esta candidatura não é da responsabilidade dos órgãos locais do CDS, mas sim da distrital de Aveiro, da qual a candidata faz parte, e com a cobertura dos órgãos nacionais”, esclarece Marques Baptista, outro militante local, que avisa “que os órgãos locais do CDS declinam qualquer responsabilidade sobre afirmações ou atitudes que possam vir a ser proferidas ou tomadas por esta candidatura, com a qual não têm qualquer tipo de ligação.”
Contactado pelo i, Pedro Morais Soares, secretário-geral do partido e autarca em Cascais, respondeu que “a casa esteve cheia hoje”, o que comprova a “mobilização” gerada pela candidata.
Sobre a acusação de cobertura dos “órgãos nacionais”, o secretário-geral certifica que o nome da candidata para a Câmara de Espinho “foi uma decisão da distrital de Aveiro que seguiu o regulamento autárquico”.
“Estou certo de que teremos um grande resultado. É uma candidatura com dinâmica empreendedora. Basta ver o currículo da Joana”, remata Morais Soares.
Pedro Magalhães, também da secretaria-geral centrista, que marcou presença no evento de ontem, conta que “ficou completamente visível que o partido está unido em torno da candidatura”. “A sala transbordava, o resto não passa de um amuo.”