É uma discussão um pouco complicada, mas, pesando os pós e os contras, sou contra.
Desde há uma década a esta parte que a diplomacia portuguesa tem conseguido, para um país de apenas 10 milhões de habitantes, colocar pessoas em lugares muito importantes. Primeiro, foi Durão Barroso como presidente da Comissão Europeia. Depois, foi Vítor Constâncio como vice-presidente do Banco Central Europeu. E, mais recentemente, e em boa parte fruto do seu bom trabalho como Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados, foi António Guterres que foi eleito por aclamação como secretário-geral da ONU. Este é o cargo mais elevado que um português já ocupou no moderno xadrez diplomático mundial.
É positivo ter portugueses em lugares de relevo. Têm a nossa visão do mundo, pelo que são mais sensíveis aos problemas que mais nos afligem. Logo, à partida, seria positivo ter Centeno como presidente do Eurogrupo. O problema é que, possivelmente, não podemos prescindir dele. Numa altura em que, pela primeira vez neste século, a economia portuguesa estará a crescer a um ritmo de 3% ao ano (embora seja natural que desacelere no segundo semestre), Centeno não perde a cabeça. Continua a ser prudente e moderado, e mesmo assim não evitar mais do que pequenas escaramuças com os parceiros de extrema-esquerda que apoiam o governo.
Centeno tem um Curriculum notável. Está agora a demonstrar que pode, adicionalmente, ser um excelente ministro das finanças. De Lisboa a Bruxelas são duas horas e meia de voo. Ida e volta são cinco. É demasiado tempo para gastarmos um recurso importante como a capacidade de trabalho de Centeno. Arranjem outro.