1. De que se riem os russos? Administração de Donald Trump está metida numa verdadeira salada russa. Todos os dias novas alegações de contactos impróprios por parte de assessores próximos, primeiro a general Flynn agora o próprio genro. Todos os dias novos alegações de pressões sobre as agências investigadoras. Contra atacando, por tweet ou através do tweet falante que é Sean Spicer, o POTUS afirma que essas alegações são tão ridículas que os russos se riem às gargalhadas. Não sei de que se riem os russos, mas estou seguro que o fazem. Na verdade, há muitas décadas que as coisas não lhes são estrategicamente tão favoráveis no xadrez europeu. O périplo de Trump confirmou que visão tem do mundo que quase não interseta a dos restantes líderes ocidentais nas áreas da defesa, do clima ou do comércio. Em apenas 10 dias o fosso agravou-se, colocando a Rússia mais próximo de alcançar um objetivo antigo da sua (e soviética) política externa, isolar a Europa (a Alemanha em particular) dos Estados Unidos. Claro que os russos se riem.
2. Reforma compulsiva. Não é de conhecimento geral mas reforma compulsiva dos trabalhadores que atingem uma certa idade foi abolida no Reino Unido em 2011. Julgo que o principal argumento é a não discriminação etária. Por exemplo, na academia, que conheço melhor, são frequentes os casos de colegas já bem entrados nos seus 70. Existem todavia três exceções, as Universidades de Oxford, Cambridge e St Andrews. Esta semana o assunto ‘incendiou’ o Sheldonian em Oxford, onde muitos académicos contestaram a provisão universitária de reforma compulsiva aos 67 anos. Os argumentos são os esperados: de uma lado, aqueles que recordam os múltiplos casos de excelência académica que continua para além do 67; do outro, aqueles que afirmam a necessidade de dar lugar aos novos. Há muito anos, Ed Lazear argumentou em favor da existência de reformas compulsivas de forma simples e muito à la Chicago (onde era professor): no momento da reforma os trabalhadores tendem a ter um custo superior ao valor que criam. Onde é que isto me deixa no debate de Oxford? Sou a favor da existência uma idade de reforma compulsiva com possibilidade de continuar a trabalhar com contratos a prazo sempre que o contributo em termos de ensino, investigação ou supervisão de estudantes se justifique. Na realidade o que existe em Oxford.