Os portugueses estão a encomendar cada vez mais analgésicos pela internet, correndo o risco de tomar produtos falsificados. Dados revelados pelo Infarmed indicam que, no ano passado, estes medicamentos passaram a representar 16% das unidades apreendidas (comprimidos ou saquetas) nas alfândegas. Tendo em conta o total de medicamentos intercetados, em 2015 tinham sito retidas ou devolvidas ao remetente 37 198 unidades de analgésicos, volume que quase duplicou no ano, passado para 69 869 unidades.
Até aqui os medicamentos para a disfunção erétil e emagrecimento dominavam a lista dos produtos apreendidos nas alfandegas. Também o principal país de proveniência dos medicamentos comprados em sites passou a ser, no ano passado, os EUA, o que o Infarmed justifica com o facto de os consumidores considerarem que os sites são de maior confiança. No que diz respeito aos comprimidos para a disfunção erétil, a maioria chega da Índia e de Singapura. Já os produtos para emagrecer vêm sobretudo do Brasil, India e China.
Perigo em forma de encomenda
No ano passado foram retidas, devolvidas ou destruídas um total de 460 mil unidades de medicamentos, o equivalente a 15 532 embalagens. Apesar do crescimento da compra de analgésicos em sites ilegais, verifica-se uma diminuição global tanto nas embalagens como nas unidades apreendidas.
As encomendas que chegam às alfandegas são escrutinadas por rotina e ainda no âmbito da operação internacional Pangea, coordenada pela Interpol e pela Organização Mundial das Alfândegas. Esta operação, que arrancou em 2008, visa combater o tráfico de medicamentos, muitos deles contrafeitos e que representam perigo para a saúde pública.
Portugal aderiu a esta campanha internacional em 2009. No ano passado, a Operação Pangea IX envolveu 103 países e resultou em 393 detenções em todo o mundo, tendo sido confiscados medicamentos no valor de 53 milhões de dólares, incluindo medicamentos para o cancro falsos e testes de VIH e de diabetes adulterados. Foram apreendidas 12,2 milhões de unidades de medicamentos contrafeitos, incluindo produtos para emagrecer, antimaláricos, medicamentos para o colesterol, disfunção erétil ou para a queda de cabelo.
Em Portugal, das 460 936 unidades intercetadas em 2016, cerca de 24 mil foram aprendidas durante a operação Pangea.
O Infarmed assinala, em comunicado, que a falsificação e a contrafação de medicamentos são um problema global. Nos últimos quatro anos, o protocolo com a Autoridade Tributária e Aduaneira permitiu intercetar 1,86 milhões de unidades de medicamentos.
Como saber se um site é fidedigno
Só é possível ter alguma garantia em sites europeus. Desde 2015 que as páginas na Internet de farmácias e locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (LVMNSRM) estão obrigadas a apresentar um logótipo comum, que permite confirmar se os sites se encontram devidamente licenciados. O logótipo tem a bandeira do país e um link para o website da autoridade competente do Estado Membro onde se encontra registado o website.
Em Portugal, a última atualização de sites licenciados em Portugal foi divulgada pelo Infarmed no final do ano passado e pode ser consultada nesta página.