Londres é umas das cidades mais visitadas do mundo, ao receber anualmente perto de 20 milhões de turistas, e nem os atentados terroristas “fazem tremer” este destino. A garantia é dada ao i por Paulo Brehm, assessor de direção da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), apesar de admitir que a procura cai nos dias seguintes aos atentados.
“Em regra há sempre alterações em cima dos atentados, mas rapidamente regressa à normalidade”, revela o responsável, lembrando ainda que Londres é essencialmente um destino de negócios e, como tal, “quem tem negócios para fazer não vai alterar os seus planos de viagem, pode alterar momentaneamente mas não vai deixar de ir”.
O mesmo acontece a quem vai em lazer. No entanto, o responsável reconhece que possam existir pessoas que tinham férias programadas para esta cidade e estejam neste momento a reequacionar as coisas. “É natural que um casal com filhos que esteja a pensar ir a Londres pense duas vezes antes de marcar a viagem, e até pode alterar os planos e escolher outro destino.”
Ainda assim, Paulo Brehm deixa uma garantia: “Não tenho indicação nenhuma de que seja isso que está a acontecer e, mesmo que esteja, acredito que este destino recupere muito rapidamente a normalidade.”
Aliás, ainda nestas férias da Páscoa, a capital britânica foi considerada o destino preferido dos portugueses para viajarem nessa altura.
A verdade é que os atentados terroristas não afetaram apenas Londres. A 22 de maio ocorreu um ataque terrorista em Manchester – causando 22 mortos e mais de 59 feridos –, a terceira cidade do Reino Unido que mais recebe visitantes internacionais, segundo dados da Euromonitor, tendo crescido 4%, em 2016, em número de turistas.
Paris perde turistas Paulo Brehm lembra ainda que aconteceu o mesmo em Paris, mas a situação rapidamente se normalizou. “Também França tem sido vítima de atentados terroristas, nomeadamente Paris, mas já está tudo dentro da normalidade. Uma coisa é os atentados acontecerem num destino do Médio Oriente, e aí o impacto é completamente diferente; agora, numa cidade europeia, tudo volta rapidamente à normalidade”, diz o responsável ao i.
A capital parisiense perdeu 1,5 milhões de turistas só no ano passado, após os atentados ocorridos no final de 2015 e que causaram 130 mortos. Esta diminuição resultou numa perda estimada em 1,3 milhões de euros, de acordo com dados anuais da comissão regional do turismo.
Com quase 31 milhões de entradas nos hotéis em 2016, as idas à região parisiense caíram 4,7% em comparação com 2015, devido à redução dos visitantes internacionais (menos 8,8%).
As visitas da China recuaram 21,5%, com uma perda de 268 mil visitantes, seguida do Japão (menos 41,2% ou menos 225 mil turistas), de Itália (menos 26,1% ou menos 215 mil turistas) e da Rússia (menos 27,6% ou menos 65 mil turistas).
Aliás, esta quebra foi menos sentida junto do mercado norte-americano, o principal visitante de França, ao registar uma perda de 100 mil visitantes em 2016, o que representou um recuo de 4,9%.
Portugal, a par de Espanha e Itália, está a beneficiar desta instabilidade vivida nalguns países. De acordo com o Thomas Cook Group, a empresa de turismo mais antiga do mundo, o crescimento do número de reservas para países como Portugal, Bulgária, Croácia e Chipre impressiona.