O parlamento ‘chumbou’, como se previa, o nome da deputada do PSD Teresa Morais para o Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações da República Portuguesa (CFSIRP). Na votação realizada hoje, a também vice-presidente de Passo Coelho no PSD não conseguiu os dois terços de votos necessários para assegurar a eleição. Recolheu 112 em 212, precisando de juntar 142 para ser eleita. Apesar de o voto ser secreto, a oposição do PS ao nome de Teresa Morais tinha praticamente tornado a eleição uma tarefa impossível.
Assim que foi conhecido o nome proposto pelo PSD, os socialistas fizeram saber que Teresa Morais não tinha perfil para o cargo. Na prática, com essa orientação o antecipou o resultado hoje conhecido.
Este resultado aconteceu quase em simultâneo com a divulgação pelo gabinete do primeiro-ministro de uma carta do embaixador José Júlio Pereira Gomes a renunciar ao cargo de secretário-geral dos Serviços de Informações da República Portuguesa (SIRP), depois de ter sido indigitado por António Costa.
“Importando salvaguardar a dignidade do cargo de secretário-geral do SIRP de toda e qualquer polémica, que naturalmente se repercutiria negativamente no exercício das suas funções, resolvi comunicar ao primeiro-ministro a minha indisponibilidade para aceitar o cargo para que me havia convidado, agradecendo-lhe a confiança em mim depositada”, escreveu o embaixador de Portugal em Estocolmo.
Na base para esta decisão está uma polémica à volta do alegado comportamento de Pereira Gomes durante o referendo de 1999 em Timor-Leste. Uma das mais fortes críticas à indigitação de Pereira Gomes para chefiar a ‘secreta’ portuguesa partiu Ana Gomes, embaixadora de Lisboa em Jacarta durante os acontecimentos em Dili.
Ana Gomes manifestou dúvidas acerca do perfil e das capacidades do antigo responsável pela missão portuguesa em Timor-Leste para dirigir o SIRP, invocando que este não cumpriu integralmente a sua missão.
Também para o deputado socialista e ex-ministro da Cultura João Soares, em declarações ao i, o atual embaixador em Estocolmo “não tem condições para poder vir a ser, com a autoridade desejável e necessária,” o novo homem forte das ‘secretas’.
Na carta, Pereira Gomes insiste que cumpriu a missão de acordo com o programado e ao abrigo das ordens de Lisboa.