Mundial-2018. Uma calm de verão paira sobre a Europa…

Entre amanhã e domingo, a jornada de qualificação para a fase final do campeonato do mundo será, no mínimo, muito pouco interessante. Custo de um alargamento desmesurado que já deixou todos os grandes favoritos praticamente de passaporte na mão…

Já se sabe que os calendários da FIFA deixam um bocado a desejar e, por isso, agora que todos os campeonatos da Europa já fecharam portas e deitaram as chaves fora até ao reinício dos trabalhos, deixando jogadores e treinadores gozar as suas férias – umas mais merecidas do que outras –, aí vem aí mais uma ronda de eliminatórias para a fase final do campeonato do mundo de 2018 e uma Taça das Confederações, logo a seguir, algo que, já se percebeu (pelas escolhas, por exemplo, do selecionador alemão, Joachim Löw), é para alguns uma grandessíssima estucha, como diria o Eça.

Vinte seleções entrarão em liça amanhã e sábado. E darão início àquilo que se pode denominar, basicamente, como a segunda volta dos nove grupos qualificativos, já que entramos na sexta jornada de todos eles, sabendo-se que cada equipa nacional tem dez jogos para cumprir.

Dificilmente toda a Europa poderia viver tão tranquila, tão ausente de surpresas, tão certa de que os mais fortes do continente terão lugar reservado nos estádios russos daqui a pouco mais de um ano. E isso é, como sabemos, de uma conveniência a toda a prova para os organizadores e para as suas necessidades lucrativas. Não se leia nestas palavras qualquer tipo de suspeição, porque não é, de todo, disso que se trata. Resume-se à verificação de que, no comando de cada grupo, estão instalados os culpados do costume, se assim se pode dizer, nove dos que irão qualificar-se diretamente. E, salvo honrosas exceções, sendo Portugal o atual campeão da Europa, uma delas com um conforto muito razoável.

Vejamos: França, grupo A, três pontos de avanço sobre a Suécia; Alemanha, grupo C, cinco pontos de avanço sobre a Irlanda do Norte; Polónia, grupo E, seis pontos sobre o Montenegro; Inglaterra, grupo F, quatro pontos a mais do que a Eslováquia; Bélgica, grupo H, dois pontos de avanço sobre a Grécia; Croácia, grupo I, três pontos sobre a Islândia.

Ficam a sobrar o grupo B, de Portugal, com a Suíça a comandar com três pontos de avanço (custos da derrota em Basileia); o grupo D, com Sérvia e Irlanda empatadas no topo com 11 pontos; e o caso bicudo do grupo G, que tem Itália e Espanha, comandando ambas com 13 pontos – próxima jornada, só no domingo. Como os oito melhores segundos têm direito a estar presentes no play-off que dará, por sua vez, mais quatro acessos à fase final, não há motivos para que, tirando partido do estatuto de cabeças-de- -série, os grandes mais atrapalhados não sigam o caminho dos outros.

O alargamento desmesurado dos mundiais leva, por outro lado, a jornadas muito pouco entusiasmantes. Este fim de semana está, por isso, pejado de encontros decididamente nada televisivos, pelo menos para os que os observam de um ponto de vista externo e isento. Podemos, quanto muito, destacar o Suécia- -França, decisivo do ponto de vista sueco, e o Escócia-Inglaterra, este bem mais pelo peso bíblico de ser o confronto entre seleções mais antigo da história do futebol do que propriamente pela realidade de um equilíbrio que, nos dias que correm, está mais enevoado do que as charnecas por onde se passeavam as personagens fantasmagóricas d’“O Cão dos Baskervilles”.