Com mais de 335 mil milhões de dólares (300 mil milhões de euros) em ativos geridos pelo seu fundo soberano, o Qatar parece capaz de evitar uma crise económica espoletada pelo corte das ligações com a Arábia Saudita, Egito, EAU e Bahrein. O fundo soberano do Qatar – Qatar Investment Authority (QIA) – é o 14.º maior do mundo, com investimentos que vão do setor bancário ao imobiliário, incluindo em Portugal.
O fundo qatari é o terceiro maior acionista da Volkswagen – com ações no valor de nove mil milhões de euros –, atrás da família Porsche e do estado alemão da Baixa Saxónia. E há outros.
Na Tiffany, empresa norte-americana de joalharia, a parcela chega a 13%, o que equivale a 1,4 mil milhões de dólares. O QIA detém também 21% da Glencore (mineração e exploração de recursos naturais) e igual percentagem da Siemens (energia e saúde). No setor bancário, detém 6% do Barclays – comprados depois da crise financeira global – e 8% do Crédit Suisse.
A nível imobiliário destacam-se os investimentos no Empire State Building. Em agosto, o fundo investiu 622 milhões de dólares na Empire State Realty Trust, empresa que controla e gere o edifício icónico de Nova Iorque, além de outras propriedades na cidade.
O fundo soberano também detém 8,3% da Brookfield, empresa de gestão de ativos a nível mundial. Entre os ativos geridos por esta empresa destacam-se os de Londres.
Na capital britânica a Brookfield gere os armazéns Harrods, a aldeia olímpica dos Jogos de 2012 e o Shard, o edifício mais alto da União Europeia.
A carteira do QIA tem também uma presença forte no setor da energia, com destaque para os 61% da rede de gás natural britânico controlada pela National Grid. Em dezembro de 2016, o Qatar adquiriu uma participação de 19,5% da petrolífera estatal russa Rosnef e, ainda neste setor, o fundo soberano qatari detém uma participação de 4,6% na anglo-saxónica Royal Dutch Shell.
Há já vários anos que o Qatar também investe em Portugal. Um dos principais negócios aconteceu em 2011, quando em agosto o QIA comprou uma posição de 2,27% na EDP. Na altura o investimento foi de 159,4 milhões de euros. O QIA detém também 4% da Vinci, empresa francesa que gere os aeroportos portugueses através da ANA-Aeroporto. O projeto de hotel do grupo W no Algarve – quase 300 milhões de euros – é outro exemplo dos investimentos qataris em Portugal.
Voo direto
Para 2018 está previsto um voo direto entre Lisboa e Doha da Qatar Airways, bem como a abertura pela empresa BIMTEC (construção, engenharia e projetos) de uma representação em Portugal. O objetivo é que esta funcione como plataforma para o resto da Europa e América do Norte.
Em termos de balança comercial, as exportações portuguesas atingiram 17,8 milhões de euros em 2015 e aumentaram para 28,6 milhões de euros em 2016. Já as importações foram de 19,1 milhões de euros em 2015 e baixaram para 13,9 milhões de euros no ano seguinte.